PERSONALIDADES DO ESPORTE

sábado, 21 de dezembro de 2013

REGINALDO ROSSI MORRE AOS 69 ANOS DE CÂNCER NO PULMÃO!!!

20/12/2013 11h27 - Atualizado em 20/12/2013 15h48

Reginaldo Rossi morre aos 69 anos de câncer no pulmão

Artista estava internado na UTI do Hospital Memorial São José, no Recife.
Ele fazia tratamento para combater a doença desde o dia 27 de novembro.
                     

O cantor e compositor Reginaldo Rossi morreu às 9h40 desta sexta-feira (20), aos 69 anos, de falência múltipla de órgãos, em decorrência de um câncer no pulmão. Conhecido como o "Rei do Brega" e autor do sucesso “Garçom”, ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São José, na área central do Recife, desde o dia 27 de novembro, para tratar um câncer no pulmão direito. Na quinta-feira (19), sofreu uma piora no quadro clínico.
O velório será realizado a partir das 19h desta sexta-feira, no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, na Rua da Aurora, bairro da Boa Vista, área central do Recife. O enterro está previsto para o sábado (21), às 20h, no cemitério Morada da Paz, em Paulista.

Na porta do hospital, o movimento de fãs foi intenso após o anúncio da morte do cantor. O prefeito do Recife, Geraldo Julio, e o governador Eduardo Campos decretaram três dias de luto oficial.

Durante o tempo em que ficou internado, Reginaldo Rossi foi submetido a uma cirurgia para retirada de um nódulo na axila direita. A biópsia confirmou o diagnóstico de câncer. Ele também passou por um procedimento chamado toracocentese, para drenar líquido acumulado entre a pleura e o pulmão.
Rei do Brega
O artista ganhou o título de “Rei do Brega” graças a músicas como “Garçom”, que falam de amor e traições. Compositor de linguagem popular, ele também é autor de sucessos como "A raposa e as uvas", "Leviana" e "Recife minha cidade". Ele dizia que foi o primeiro na cidade  a usar calça sem pregas. "Passava na rua e os caras gritavam: 'Wanderléa! Olha a Wanderléa!' E depois todo mundo usava", contou certa vez.
morte de reginaldo rossi
Apesar do jeito extrovertido nas entrevistas e apresentações, se dizia avesso à fama. "Eu sou muito tímido. Essa coisa que eu faço, que requebro no palco, canto 'Garçom', o corno e tudo mais, é para enganar minha timidez", afirmou recentemente em entrevista ao programa Bom Dia Pernambuco.

Nascido no Recife, em 1944, Reginaldo Rodrigues dos Santos começou a carreira na esteira da Jovem Guarda, na década de 1960, imitando Roberto Carlos. Antes, estudou engenharia civil e chegou a dar aulas de matemática. Ele faria 70 anos em fevereiro.
 
Quando trocou a sala de aula pelos palcos, optou por cantar rock no Nordeste e comandou o grupo The Silver Jets. Em 1966, lançou seu primeiro LP, "O pão". Somente em 1970, pela gravadora CBS, estreou em disco, com o LP "À procura de você", afastando-se do rock e passando a apresentar um repertório brega-romântico, do qual se tornou ícone.

Entre seus maiores sucessos estão, além de “Garçom” (1967), "A raposa e as uvas", "Em plena lua de mel" e "Leviana". Ele continuava fazendo shows pelo Brasil, apresentando o mais recente álbum, “Cabaret do Rossi”. Nos dias 21 e 22 de novembro, tocou no Manhattan Café Teatro, na capital pernambucana.

Tributo
Diversos músicos lançaram no ano 2000 um tributo ao artista, intitulado "Rei Ginaldo Rossi". O disco tinha releituras de canções de Rossi cantadas por artistas como Lenine, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Eddie, Dolores, Paulo Francis, Querosene Jacaré, Comadre Fulozinha, Stela Campos, Via Sat, Devotos, Otto e Mundo Livre S/A. O cantor pernambucano Silvério Pessoa, por exemplo, criou uma banda, a Sir Rossi, que dá novas roupagens às canções do artista.

Rossi dizia que só no Brasil é que existe essa história de brega e chique. “Os cantores no mundo todo querem fazer sucesso. As letras são as mais simples possíveis, as harmonias [também]”, comparou. “Claro, existem eruditos para uma pequena classe. No Brasil, em que o povo em geral não teve acesso à educação musical mais refinada, isso é válido: tem que ter Chico [Buarque], Gal [Costa], Caetano [Veloso], e tem que ter Amado Batista, Zezo dos Teclados, Faringes da Paixão e Reginaldo Rossi".
Repercussão
Após a morte de Reginaldo Rossi, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, decretou luto oficial de três dias na cidade.
Em entrevista por telefone ao UOL, o cantor Falcão disse que o bom humor e "breguice" tão característicos do seu trabalho tiveram influências de Reginaldo Rossi. "Eu me inspirei nessa parte melódica e bem-humorada, quase sacana, que ele tinha", disse o cantor cearense.

Veja o que artistas postaram no Twitter                                                                
 
Roberta Miranda, cantora 
Gente ! Acordei com esta triste noticia . Temos registrada uma linda história . Obrigada meu Reginaldo Rossi
 
Serginho Groisman, apresentador
"A música brega é talvez a mais popular. Seu rei está morto. Passou a vida fazendo o que mais amava: cantar. RIP Reginaldo Rossi"
 
 
Astrid Fontenelle, apresentadora
"RIP meu querido #reginaldorossi. Muitas entrevistas, muita bagunça... Sujeito da melhor qualidade",

Nany People, humorista
"A música Romântica está triste... vá Brilhar no Céu Querido Mestre ... faleceu #ReginaldoRossi"

Tati Quebra Barraco, cantora
"Hoje é um dia de luto para todos os garçons o rei do brega Reginaldo Rossi, infelizmente fez a passagem. Vai em paz, vai com Deus!"

Falcão, cantor
"#Reginaldo O céu ficou mais brega, alegre e romântico"

Tico Santa Cruz, cantor
"Figuras emblemáticas de qualquer estilo merecem nosso respeito. Figuras emblemáticas de qualquer estilo merecem nosso respeito. O Brega de Reginaldo Rossi sempre foi leve e divertido. Fica esse brega de mal gosto atual e parte mais um artista que marcou sua história na música brasileira. Quando trabalhei como operador de Videokê, ouvi e até cantei sorrindo muitas vezes suas músicas. Luz no seu caminho"

Karina Buhr, cantora
"Reginaldo Rossi. O que vai ser de nós sem ele é que ele vai ficar do lado sempre, não tem jeito. Amor eterno"

Gaby Amarantos, cantora
"Nem consigo explicar o que estou sentindo, um mix de tristeza com alívio pois quando a gente ama alguém não aguenta ver o ser amado sofrendo e este homem na minha opinião é um dos MAIORES artistas do Brasil, estando no mesmo nível de Roberto Carlos mas a hipocrisia que alimenta o preconceito fez com que esse REI da música/voz/coragem não tivesse o reconhecimento que merecia"

Paulinho Serra, humorista
"Morreu com 69... Ironia ou não é uma maneira divertida de falar de um cara tão divertido. #RipReginaldorossi"

Ana Hickmann, apresentadora
"Gente, estou muito triste. Nosso grande amigo Reginaldo Rossi partiu. Papai do céu recebe este anjo ao seu lado, ele vai fazer muita falta. Força pra toda a família e para os fãs deste grande cantor"
 
Roberta Miranda, cantora
"Gente ! Acordei com esta triste noticia . Temos registrada uma linda história . Obrigada meu Reginaldo Rossi"
 
Arnaldo Branco, cartunista
"Morreu Reginaldo Rossi, uma espécie de Dicró da Jovem Guarda"
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Do G1 PE
20/12/2013 11h27 - Atualizado em 20/12/2013 15h48

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PARABÉÉNS PAPA FRANCISCO!!!

Parabéns Papa Francisco

Cidade do Vaticano (RV) - Um momento de alegria e gratidão ao Senhor. Neste espírito a Igreja, em todo o mundo, festeja hoje os 77 anos de idade do seu Pastor, o Papa Francisco. É a primeira vez que Jorge Mario Bergoglio celebra seu aniversário como Bispo de Roma. Nesta ocasião nós ouvimos o responsável pelos programas na língua espanhola da Rádio Vaticano, o jesuíta argentino Padre Guillermo Ortiz , que conhece o Papa Bergoglio desde 1977:

R. – Certamente, o dia do aniversário é um dia em que você está no centro da atenção, mas um princípio espiritual do Papa Bergoglio é precisamente o de nunca estar no centro! Se ele, no entanto, por exemplo, pode aproveitar para fazer festa com as crianças, isso o faz feliz. Eu acho que essa é uma grande oportunidade para rever esse seu comportamento espiritual, porque é um seu princípio também pastoral: não é somente o não querer aparecer ... Papa Francisco não quer estar no centro das muitas coisas que ele mesmo apoiou, mas em silêncio, sem aparecer como os grandes projetos pastorais. Agora se sabe só porque falaram os outros que estavam com ele; mas dele nunca se soube nada.

O aniversário do Papa Francisco é também vivido com particular emoção em Buenos Aires. Uma alegria especial é a dos paroquianos de São José de Flores, a igreja da infância do Papa Francisco onde nasceu a sua vocação sacerdotal. Para um testemunho sobre como se vive este dia na comunidade de origem de Jorge Bergoglio, a Rádio Vaticano conversou por telefone com Luis Avellaneda, secretário da paróquia de São José, em Buenos Aires:

R. - As pessoas aqui estão emocionadas pela data, pelo seu aniversário, mas não há atos especiais. Certamente nas missas do dia todos vão rezar. Rezaremos por todas as intenções do Santo Padre, que para nós está muito longe: estamos no fim do mundo ... Mas estamos muito perto do coração do Santo Padre.

P. - Todos aqueles que tiveram a sorte de se encontrar pessoalmente com o Papa Francisco sabem que no final do encontro, ele sempre pede: “Reze por mim”. É isso o que vocês vão fazer:

R. - Claro, porque a oração nos mantém unidos. Temos a necessidade e precisamos rezar por ele, porque entendemos o momento difícil do mundo e da Igreja.

P. - Certamente a Basílica de São José tem muitas lembranças do Padre Jorge, até mesmo da vocação deste homem, que hoje é o Papa, a vocação de sacerdote nasceu precisamente ali...

R. - A Igreja de São José deu um número infinito de vocações para a diocese, mas isso é excepcional: pensar que o Papa descobriu sua vocação em nossa igreja, nos nossos corredores, nos nossos confessionários... São José é uma Basílica que tem o mérito de ter uma grande riqueza: a oração e os sacramentos. Papa Francisco descobriu sua vocação em um confessionário da nossa Basílica de São José. (SP)

17/12/2013
Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/12/17/parab%C3%A9ns_papa_francisco/bra-756376
do site da Rádio Vaticano

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

MUNDO PERDE A ENCICLOPÉDIA DA BOLA: MORRE O ALVINEGRO "NILTON SANTOS"!!!

Mundo perde a Enciclopédia da bola: morre o alvinegro Nilton Santos

Bicampeão mundial pela Seleção, ídolo do Botafogo, maior lateral-esquerdo de todos os tempos e amigo de Garrincha perde luta contra mal de Alzheimer

Mosaico Nilton Santos 620 (Foto: Editoria de Arte)
            Com a camisa alvinegra, Nilton Santos mostrou classe com a bola nos pés. Recebeu o carinho da família, de técnicos como Joel Santana. E posou aos pés do Cristo Redentor. Na seleção brasileira, com Pelé & Cia., foi bicampeão mundial nas Copas de 1958 e 1962 e foi pioneiro como lateral ofensivo (Foto: Editoria de Arte)
 
Fazia frio naquela noite de 8 de junho de 1958 em Uddevalla, cidadezinha na Suécia. Ali, no estádio Rimnersvallen, o Brasil estreava na Copa do Mundo contra a então perigosa Áustria. A Seleção vencia por um 1 a 0, gol de Mazzola. O jogo não estava nada fácil. Aos seis minutos do segundo tempo, um lance mudaria a partida e, de certa forma, contribuiria para uma nova ordem do futebol mundial. O time austríaco tentava atacar pelo lado direito. A bola foi lançada para o ponta Horak. Nilton Santos, o lateral-esquerdo brasileiro, à época já com 33 anos, se antecipou. Tomou-lhe a bola e se lançou ao ataque.
- Volta, Nilton! - berrava o técnico Vicente Feola, preocupadíssimo com o contra-ataque.
 
Como todo craque que se preza, Nilton Santos desobedeceu às ordens do treinador. Voltar, nada. Seguiu na arrancada, incomum aos laterais, na época meros marcadores. Tabelou com Mazzola e, na área, tal como um atacante extraclasse, tocou com categoria por cima do goleiro: era o segundo gol brasileiro na vitória por 3 a 0. Ali começava o caminho do primeiro título brasileiro. Ali começava uma nova forma de se atacar. Ali o mundo começava a conhecer, de fato, o maior lateral-esquerdo de todos os tempos. Nada menos que a Enciclopédia do Futebol, como era carinhosamente chamado Nilton Santos, bicampeão mundial pelo Brasil, tantas vezes campeão pelo Botafogo, único clube em que atuou e hoje chora, com todo o Brasil, a sua morte, aos 88 anos, após infecção pulmonar e longa luta contra o mal de Alzheimer. O ex-jogador estava internado desde sábado à noite na Fundação Bela Lopes, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, com complicações respiratórias.

Ao ser informado do falecimento, o presidente Maurício Assumpção imediatamente ordenou que a bandeira alvinegra fosse colocada a meio mastro na sede de General Severiano. O ex-jogador deve ser velado no salão nobre da sede, na Zona Sul do Rio. O clube emitiu nota oficial de lamento pela morte, e a entidade decretou luto no futebol do país e a observação de um minuto de silêncio nos jogos.
 
São muitas as histórias emblemáticas de Nilton dos Santos, nascido a 16 de maio de 1925 na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Se em 1958 o craque mostrou que lateral podia atacar e até se aventurar a fazer gols - marcou 11 como profissional em toda a carreira, um número alto para a época -, no bicampeonato mundial de 1962 fez da malandragem uma arma poderosíssima para salvar o Brasil. Nilton Santos era Enciclopédia até para consertar o próprio erro.
 
Foi no jogo contra a Espanha, em Viña del Mar, no Chile, em 6 de junho. A Seleção perdia por 1 a 0 e estava desnorteada quando o lateral derrubou na área o ponta Enrique Collar. Era pênalti. Mas o árbitro estava distante do lance e não percebeu os dois passos à frente de Nilton logo após ter feito a falta. E esses passos o deixavam fora da área. Foi o suficiente para o chileno Sérgio Bustamante marcar falta. O Brasil acabou vencendo por 2 a 1 e caminhou rumo ao bicampeonato mundial.

Bastariam essas duas histórias para Nilton Santos entrar para a história do futebol. Mas Nilton Santos fez muito, muito mais. Era tão bom e perfeito com a bola nos pés que ganhou o apelido de Enciclopédia. De fato, sabia tudo de bola. Que o digam os torcedores do Botafogo, beneficiados pela exclusividade de vibrar com as jogadas do maior lateral de todos os tempos - é oficial, a Fifa reconheceu em 2000.
 
Alto (1,84m), habilidoso (ambidestro), veloz, clássico, elegante, forte. Nilton já era assim desde moleque, tanto no futebol de praia quanto no Flexeiras, onde chegou com 14 anos após experiência no remo, que lhe dera mais força física. E foi assim que se fez no Botafogo, onde chegou com 23 anos após ter se destacado no time do Exército - era o único soldato em meio a tenentes e capitães.
 
Santo baile de Garrincha
Ao assinar contrato em branco com o clube, se  tornou o maior soldado em preto e branco: é o recordista de jogos (718 partidas), ganhou o Rio-São Paulo de 1962 e 1964 e foi campeão carioca em 1954, 1957, 1961 e 1962. No bicampeonato estadual, formava o timaço-base da Seleção bicampeã mundial, com Didi, Zagallo, Amarildo... E Mané Garrincha.
"Naquele tempo, lateral que passasse do meio do campo era considerado maluco."
Nilton Santos, sobre o gol na Copa de 1958
Aliás, Garrincha e o ex-lateral estavam sempre ligados por causos curiosos. Nilton Santos era Enciclopédia até para levar um baile. Foi o que aconteceu no primeiro treino do Mané no clube alvinegro. O jogador das pernas tortas nem tomou conhecimento do astro botafoguense.
- Ele me deu um baile. Pedi que o contratassem e o pusessem entre os titulares. Eu não queria enfrentá-lo de novo - disse certa vez, às gargalhadas, o maior fã da Alegria do Povo, como passou a ser chamado Mané.
 
E o bom olheiro Nilton Santos era Enciclopédia também para contar histórias. Fala mansa, sempre bem-humorado, se divertia tanto com os causos de Garrincha quanto com os duelos com o maior rival, o Flamengo.
- O pessoal da imprensa instigava o Manga. E amanhã, Manga, como é que vai ser? Sim, já peguei meu bicho adiantado (...) E a torcida do Flamengo ficava louca. Porque normalmente a gente ganhava. Nosso time era bom: Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Quarentinha e Zagallo. E ainda tinha de fora o China. Tinha o Amarildo. Tinha um montão de gente.
 
Pelo sol
As histórias de Nilton Santos estão entre as mais saborosas do futebol desde sua estreia pelo Botafogo, em 1948, em amistoso contra o América Mineiro. Poucos sabem, mas foi Zezé Moreira que, nos treinos, descobriu ser a lateral esquerda a posição certa de Nilton Santos, e não o ataque, onde jogava nas peladas, ou a zaga, onde chegou a se pensar em lançá-lo. Afinal, tinha bom porte, era seguro na marcação, se posicionava bem, se antecipava aos atacantes com facilidade.
"Tu, em campo, parecias tantos, e no entanto, que encanto!"
Eras um só, Nilton Santos"
Armando Nogueira, em poema para o ídolo
Ambidestro desde os tempos que ia de arquibancada assistir aos treinos de Zizinho, seu ídolo, e participar das peladas na praia, Nilton Santos acabou assumindo a posição diante da falta de bons canhotos na época. E gostava de dizer que marcava os atacantes pelo sol... Olhava pela sombra do adversário e tinha ali a referência do posicionamento correto para marcá-lo.
 
Os companheiros brincavam que, em dias nublados, Nilton Santos não teria muito o que fazer. O correto, no entanto, é que o jogador era completo em qualquer situação. Foi assim que se tornou ídolo alvinegro. Para muitos, o maior de todos, não só por ter atuado mais vezes pelo clube como também pelo fato de a camisa gloriosa ter sido a única que vestiu além da amarelinha da Seleção.
 
Quatro Copas
Na Seleção, Nilton Santos participou de quatro Copas do Mundo. Na tragédia de 1950, foi preterido pelo técnico Flávio Costa e sequer entrou em campo. Quatro anos depois, estava Nilton Santos na Suíça como titular, vestindo a camisa 3. A primeira partida em Mundiais foi na goleada por 5 a 0 sobre o México. O lateral ainda atuou no empate por 1 a 1 com a Iugoslávia e na derrota por 4 a 2 para a Hungria, quando o Brasil sucumbiu diante de Puskas & Cia.
O brasileiro conhece Garrincha da Seleção. "O que eu o vi fazer pelo Botafogo por esse mundo afora é um negócio de louco"
Nilton Santos, sobre o "compadre"

Os dois fiascos em Copas deram experiência para o lateral, em 1958 e 1962, ser decisivo. Priimeiro com a camisa 12 e depois com a 6, foi dono da posição e atuou nas 12 partidas da campanha do bicampeonato mundial. Nas 75 partidas oficiais e 10 não oficiais pela Seleção, marcou dois gols e ganhou outros títulos, como o Sul-Americano de 1949, quando fez sua estreia. 

Depois que parou de jogar, Nilton Santos escreveu o livro "Minha bola, minha vida", contando sua trajetória. Recebeu inúmeras homenagens do Botafogo, numa relação de amor poucas vezes vista entre clube e jogador. E ainda contribuiu para o título carioca de 1989, quebrando jejum de 21 anos.
 
"Preleção" em 1989
 Já aposentado, o eterno ídolo alvinegro foi convidado a participar da preleção no vestiário do Maracanã na final contra o Flamengo. Lá, usou da "psicologia" e a boa e velha superstição para injetar confiança nos jogadores. Lembrou dos tempos vitoriosos contra o rival nos anos 1960.
 
Quando perguntado sobre quem gostaria que estivesse ali, não pensou duas vezes:
- O Mané. Mas eu já rezei pra ele, e ele vai nos ajudar - disse o Enciclopédia.
Resultado final: Botafogo campeão ao vencer por 1 a 0, gol de Maurício usando a camisa 7 eternizada por Garrincha.
 
Esse e muitos outros causos com o compadre Garrincha fazem parte do arquivo de memórias do eterno craque. Celebrado por ídolos como Jairzinho, Paulo Cezar, Marinho Chagas, Garrincha, Didi,
 
Zagallo e Junior e jornalistas como Armando Nogueira (assista ao vídeo acima com um conto), João Saldanha, Sandro Moreyra, João Máximo, Marcos de Castro e tantos outros, a Enciclopédia estará sempre na cabeceira dos que amam o futebol.
 
Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
27/11/2013 16h45 - Atualizado em

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

NÚMEROS DE "ROGÉRIO CENI"!!!

Um Mito resumido em números

Todos os números de Rogério Ceni

 
Rogério Ceni completa hoje 1116 jogos, se igualando à Pele. Mas vamos falar aqui dos números dos outros 1115.
Títulos na carreira
São 26 títulos pelo São Paulo. O mais recente, a Sul Americana de 2012.
Dentre os principais:
1 Mundial de Clubes (2005)
2 Libertadores (1993 e 2005)
3 Brasileirões (2006, 2007 e 2008)
1 Sul Americana (2012)
 
São muitos os títulos individuais.  Bola de Ouro (2008), Bola de Prata (2000, 2003, 2004, 2006, 2007 e 2008), Bola de Ouro da FIFA Mundial de Clubes (2005), Melhor goleiro do Brasileirão (2006 e 2007), Melhor goleiro do Paulistão (2005 e 2011), 9º melhor goleiro do Mundo (2005), 6º melhor goleiro do Mundo (2006), 5º melhor goleiro do Mundo (2007), 4º melhor goleiro do Mundo (2007), 28º melhor jogador do Mundo (2007), 11º melhor jogador do Mundo (2008), 13º melhor goleiro da década, Seleção do Brasileirão (2006 e 2007)
 
Os 113 gols
Rogério Ceni marcou, ao todo 113 gols. A maioria deles, (54) em Brasileirões. Apenas 2 em Sul Americana.
58 deles foram em cobranças de falta, outros 54 de pênalti e 1 com bola rolando.
Quando mandante, Ceni fez 67 gols, 44 como visitante e 2 em campo neutro.
O goleiro em que ele fez mais gols foi em Fábio, do Cruzeiro (Cruzeiro este que foi o time que mais tomou gol do Mito, 7 ao todo), anotando 6 gols sobre o arqueiro cruzeirense. Na disputa Mito contra Mito, Rogério fez 4 gols em São Marcos.
 
Os 1115 jogos
Com Ceni em campo, o São Paulo venceu 585 partidas, perdeu 281 e empatou 249.
No Morumbi, Rogério defendeu a meta são paulina por 538 vezes, e venceu 339 delas
 
Seleção brasileira
Fez 17 partidas com a Seleção. E mesmo sendo reserva de Marcos, foi pentacampeão Mundial em 2002
 

Postado por thiagocunhamartins em 20 de novembro de 2013

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

DONA HELENA SIMBOLO ALVINEGRO!!!

Entrevistas
      
“O Ceará fez a minha vida ser mais feliz”
             Símbolo alvinegro, Helena Oliveira fala sobre seus 49 anos de Ceará

Helena conquistou a todos que passaram pelo Ceará Sporting Club              


No dia 08 de outubro de 1947, começou a ser escrita a história de uma guerreira: Maria Helena Oliveira da Silva. Natural de Maranguape/CE, a cearense se mudou para a capital logo aos sete anos, quando teve que amadurecer para vencer na vida. Depois de se casar aos 15 anos, Helena conseguiu um emprego no Ceará Sporting Club, onde está até hoje.

Mãe de três filhas (Cristina Santana, Taciana Oliveira e Ana Maria Oliveira), Helena conquistou a todos que passaram pelo Ceará Sporting Club, tornando-se um símbolo alvinegro, afinal, é a funcionária mais antiga do clube. Em entrevista exclusiva ao CearáSC.com, esta torcedora apaixonada pelo Vozão fala sobre os seus 49 anos de Ceará e revela histórias de sua vida.

CearáSC.com: Como começou a história entre Dona Helena e o Ceará Sporting Club?
Dona Helena:
Tudo começou no dia 09 de agosto de 1964, se eu não me engano. Meu marido cortava grama do estádio e arrumou uma vaga para eu lavar as roupas dos jogadores e comissão técnica... Muitos achavam que eu não daria conta, mas consegui fazer bem meu trabalho e estou aqui até hoje.

CearáSC.com: Como foi seu primeiro dia de trabalho no Ceará? Aconteceu algo que marcou?
D. Helena:
Eu já sabia lavar roupa e quando fui pegar o material me assustei. Era muita coisa e eu tive que lavar tudo em casa. Tudo tinha que ser lavado à mão, com sabão de barra e, logo no começo já cometi um erro. Fui lavar o material e vi algumas ataduras usadas, então, joguei tudo fora, achando que não servia mais... Achei que era um monte de pano velho, sem serventia... Só sobrou um par de ataduras, que eu só não joguei porque estava novo.

CearáSC.com: Como começou: Como conseguiu iniciar um trabalho, tendo dificuldade para lavar a roupa em casa?
D. Helena:
O pessoal ficou até com pena de mim, foi daí que surgiu a chance de me mudar para morar no clube. Eu sempre fui muito séria com as minhas coisas e se aquele era o meu trabalho, eu tinha que fazer. Era cansativo, mas essa fase não durou muito tempo.

CearáSC.com: Como começou: Então, você morou dentro da sede do Ceará Sporting Club?
D. Helena:
Morei sim. Logo quando cheguei ao Ceará para trabalhar recebi o convite para morar aqui. Como eu tinha que levar as roupas para casa e lavar tudo lá, as pessoas reclamavam porque eu carregava muito peso. Um treinador que estava aqui, Gilberto de Carvalho, que já faleceu, pediu para os dirigentes do clube deixarem eu morar nas instalações e foi assim que comecei a viver no Ceará.

CearáSC.com: Como começou: Como era o ambiente desta sua nova casa?
D. Helena:
Na verdade nem era uma casa mesmo... Era a antiga cozinha do clube e eu lavava as roupas em um antigo poço que tinha ao lado. Tudo no Ceará era assim... A gente sempre dava um jeito para fazer as suas atividades. O clube não tinha tantas condições, então, os funcionários se desdobravam para fazer as suas funções.

CearáSC.com: Como começou: Como surgiu a oportunidade de ter uma casa própria?
D. Helena:
Isso aconteceu recentemente, quando eu já havia me separado do meu ex-marido, mas eu nem lembro ao certo. O Evandro tinha projetos para o clube e a minha casa estava no caminho, então, ele comprou uma casa ao lado do clube e é lá onde eu moro com uma de minhas filhas.

CearáSC.com: Como começou: Foram muitos anos morando dentro do clube. O que sentiu ao ter que sair?
D. Helena:
Por um lado fiquei feliz, mas por outro fiquei com medo. O Evandro havia comprado um local para mim, mas eu sempre gostei e me acostumei a ficar aqui 24 horas por dia. Ele queria construir uma casa para mim dentro do clube mesmo, mas ficou com medo de, futuramente, outro presidente querer me tirar daqui, então, preferiu comprar logo uma casa. Pensei que fosse mudar muita coisa na minha vida e até que eu seria demitida depois de sair de dentro do clube, mas confiei nele e deu tudo certo.

CearáSC.com: Como começou: O que você pensa do Presidente Evandro Leitão?
D. Helena: Eu sempre me dei bem com todos os presidentes que passaram por aqui, mas o Evandro foi especial. Sempre gostei dele e vi que ele se importava com as pessoas que tinham história aqui. Nunca ninguém me convenceu a sair de dentro do clube, mas ele me passou tanta confiança que eu aceitei uma vida morando fora do Ceará... Ainda bem que a minha casa fica bem em frente à sede.

CearáSC.com: Como começou: Como é o seu novo ambiente de trabalho?
D. Helena:
Estando dentro do Ceará... Eu fico feliz e a lavanderia é ótima. As pessoas até brincam que as vezes eu digo “minha casa”, quando estou me referindo à lavanderia. Eu tenho tudo lá... TV, rádio, guarda-roupa, cadeiras, mesas, além de todo o material para trabalhar... Eu tenho máquinas que me ajudam demais no meu serviço... Mudou tudo e o meu trabalho ficou mais fácil e prazeroso para uma pessoa com a minha idade.

CearáSC.com: Como começou: Antes de vir trabalhar no Ceará, você já torcia pelo clube?
D. Helena:
Já torcia sim, mas nunca tinha tido a oportunidade de ir ao estádio. Comecei a trabalhar aqui e fui algumas vezes para os jogos, mas eu confesso que eu prefiro acompanhar pelo meu radinho de pilha. Me acostumei assim e não faço questão de ir ao estádio hoje, mas sou torcedora sim... Não perco um jogo.

CearáSC.com: Como começou: Como você faz para acompanhar os jogos, já que não gosta de ir aos estádios?
D. Helena:
Eu nunca gostei de assistir no estádio e nem na televisão... Eu gosto do meu radinho. Fico feliz nas vitórias, chateada com derrotas, mas nunca mudei o meu jeito. O Ceará é tudo pra mim e as vezes me dá uma aflição saber que o time perdeu, porém, nada como um jogo após o outro.

CearáSC.com: Como começou: Duas de suas filhas trabalham no Ceará. O que você pensa disso?
D. Helena:
Elas foram criadas dentro do clube e conhecem o local tanto quanto eu, então, fico feliz pela Cristina e pela Taciana (Serviços gerais). Estou aqui há quase 50 anos, vivi grande parte da minha vida no Ceará e sou muito feliz, por isso, quero é que minhas filhas sejam felizes também, independente de onde elas trabalhem. Hoje estão aqui, batalhando ao meu lado e torço para que elas sejam felizes como eu fui e como eu ainda sou.

CearáSC.com: Como começou: Você já deixou claro que gosta muito do Presidente Evandro Leitão. Você admira mais alguém no clube?
D. Helena:
Falo muito do Dimas (Filgueiras, auxiliar técnico), pois, ele entrou no Ceará logo depois de mim, há muito tempo também. Vi ele jogar pelo time, se aposentar e permanecer aqui até hoje. Ele sempre ajudou e ainda faz isso pelo clube. Gosto muito do Dimas, principalmente por conta das vezes que o Ceará ia jogar os clássicos... Ele sempre escalava bem o time e nós vencíamos o jogo. Outra coisa boa que ele faz é dar oportunidades aos nossos meninos das Categorias de Base.

CearáSC.com: Como começou: Como é o seu relacionamento com os jogadores?
D. Helena:
Não tenho mais tanto contato com eles. Antigamente, todo mundo que chegava eu sempre fazia amizade, tratava todos eles como se fossem meus filhos e, quando eles deixavam o clube, eu ficava sentindo muito. Sempre me apeguei demais aos jogadores que defenderam o Ceará, mas o mundo do futebol é assim... Um jogador chega hoje e não passa muito tempo. É por isso que eu sempre destaco o Sérgio Alves, o Dimas, o Mota, o João Marcos e outros. Eles fizeram e fazem história aqui e isso é bonito.

CearáSC.com: Como começou: O que o Ceará Sporting Club representa na sua vida?
D. Helena:
Tudo... O Ceará fez a minha vida ser mais feliz. Aprendi muita coisa aqui e guardo tudo isso até hoje. Nunca me faltou um sorriso, nem disposição para trabalhar e, além de tudo isso, construí minha família graças ao clube... Vivo cada momento como se fosse o último e agradeço a Deus por tudo o que eu tenho, afinal, algumas pessoas acompanham o futebol de fora e nem imaginam as histórias que o time tem, enfim, o Ceará representa muita coisa na minha vida.

           

 
CearáSC.com

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ENTREVISTA COM VAGNER MANCINI, IDEALIZADOR DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TREINADORES!!!

Entrevista
18/10/2013 00:00:00
           
Vagner Mancini, idealizador da Federação Brasileira de Treinadores
           
"Mais da metade dos treinadores no Brasil não tem contrato assinado. Isso é uma vergonha", afirma Guilherme Yoshida        
               
As demissões dos treinadores no Campeonato Brasileiro deste ano, mais uma vez, foram mais frequentes do que os gols do artilheiro da competição.
 
Disputa para não ser rebaixado, algumas rodadas sem vitórias, muitos gols sofridos, críticas da torcida, motivação extra para o elenco, esquema tático indefinido, enfim. São vários os motivos apontados pelos dirigentes na hora de justificar o troca-troca destes profissionais em uma mesma temporada.
 
No entanto, este cenário pode estar com os dias contados se a Federação Brasileira de Treinadores de Futebol conseguir colocar em prática todas as suas propostas para mudar o tratamento que os técnicos têm atualmente no futebol nacional.
"Mais da metade dos treinadores no Brasil não tem contrato assinado. Isso, aos meus olhos, é uma vergonha. Queremos que os contratos de todos os treinadores sejam registrados nas federações e na CBF, como acontece com os atletas, entre outras reivindicações", afirma Vagner Mancini, principal idealizador da nova entidade da categoria, em entrevista exclusiva à Universidade do Futebol.
 
As demissões em grande rotatividade, porém, são apenas uma parte das mudanças que os técnicos buscam no atual cenário do futebol brasileiro. Outros fatores, como regulamentação da categoria, legislação adequada para o setor, falta de representatividade no governo federal e até de uma qualificação especifica para o exercício da profissão, entre outros, também minam o desenvolvimento desta classe, aponta Mancini.
 
Segundo o atual treinador do Atlético-PR, este panorama deverá mudar com o projeto de lei que será encaminhado em breve ao Senado, pelo qual a entidade pretende promover algumas mudanças que reflitam nos resultados dentro de campo.
"Nosso país tem dimensões continentais. Com isso, temos dificuldades para unificação de ideias e regulamentos. Então, qualquer pessoa pode ser treinador no Brasil e isso não é correto. Em primeiro lugar, o treinador tem de ter noção de treinamentos, de intensidade de treinos, de táticas, etc. Mas, ele também deve ser um educador, pois está lidando com seres humanos. Além disso, a cultura do jeitinho brasileiro, no qual o treinador é escolhido sem nenhum planejamento e a mentalidade amadora também fazem com que as estruturas não melhorem", analisa.
 
"A cultura do 'ter de ganhar' sem se preocupar com o trabalho em longo prazo, o discurso da mídia, que quer vender jornais e ter cada vez mais audiência, sem se preocupar em conhecer o dia a dia dos clubes e trabalhar em prol da evolução do esporte, também influenciam com este cenário ruim", completa.
 
Nesta entrevista, Mancini ainda revela como a federação vai se diferenciar do trabalho dos sindicatos e como a entidade pretende auxiliar os interessados em iniciar a carreira como treinador de futebol.
 
Confira a íntegra:
 
Universidade do Futebol – Como surgiu a ideia de se criar esta Federação? Quais são seus principais objetivos?
 
Vagner Mancini – A ideia surgiu em conversa com alguns treinadores que também estavam indignados com o tratamento dado aos técnicos. Resolvemos, então, sentar e dialogar pensando no que poderia ser feito para melhorar nossa classe e, consequentemente, regulamentar e organizar a profissão.
 
E para se atingir os principais objetivos é preciso regulamentar e organizar a profissão, dar ao treinador a possibilidade de ser respeitado, contrato reconhecido na CBF saindo no BID, com repasse de encargos à União, de ser qualificado através de cursos ministrados pela federação, de termos um representante no STJD, um representante no Conselho Nacional de Esportes, tempo mínimo de contrato com os clubes, entre outros objetivos.
"Com o formato que temos hoje em dia no Brasil, só estamos protegidos com vitórias e conquistas, não há maneira de proteger ninguém, com ou sem federação. Em primeiro lugar, temos de mudar a mentalidade dos dirigentes, da imprensa e dos torcedores", afirma Mancini

Universidade do Futebol – Quais serão os campos de atuação da Federação? O que vai diferenciar sua atuação de entidades como os Sindicatos de Treinadores, por exemplo?
 
Vagner Mancini – A federação vai atuar acima dos sindicatos, com mais força politica e com maior representatividade. No inicio queríamos fazer uma Associação de Treinadores. Mas, conversando com pessoas influentes, decidimos que seria melhor fundarmos uma federação.
 
No Brasil, já temos algumas associações, todas bem intencionadas, mas, com pouca força política para mudar esse quadro atual destes profissionais no futebol brasileiro. Os treinadores são filiados aos sindicatos e os sindicatos à federação.
"Em primeiro lugar, o treinador tem de ter noção de treinamentos, de intensidade de treinos, de táticas, etc. Mas, ele também deve ser um educador, pois está lidando com seres humanos", aponta o atual treinador do Atlético-PR

Universidade do Futebol – Que mecanismos estão sendo criados para que esta federação não seja mais uma entidade que começa com bons propósitos, mas que aos poucos se enfraquece diante da realidade dos treinadores, com pouco tempo e interesse de se dedicarem à causa do fortalecimento desta categoria profissional?
 
Vagner Mancini – Primeiramente, não somos sindicalistas, somos treinadores. Nenhum treinador quer seguir carreira dentro da federação. Queremos é que a esta classe profissional ganhe seus direitos através de projetos levados a Brasília.
 
Por exemplo, mais da metade dos treinadores no Brasil não tem contrato assinado. Isso, aos meus olhos, é uma vergonha. Queremos que os contratos de todos os treinadores sejam registrados nas federações e na CBF, como acontece com os atletas, entre outras coisas.
 
Temos pouco tempo para dedicar à federação, mas temos muita força para reivindicar e exigir mudanças em um país que é pentacampeão mundial dentro de campo e subdesenvolvido na sua estrutura fora dele.
A ideia surgiu em conversa com alguns treinadores que também estavam indignados com o tratamento dado aos técnicos. Resolvemos, então, sentar e dialogar pensando no que poderia ser feito para melhorar a nossa classe e, consequentemente, regulamentar e organizar a profissão, justifica

Universidade do Futebol – Como a FBTF pretende auxiliar os interessados em iniciar a carreira como treinador de futebol?
Vagner Mancini – A ideia da federação é criar cursos de preparação e formação para novos treinadores e também qualificar melhor os que já são profissionais na área do treinamento. Tudo isso com a chancela da Fifa e da CBF.
 
Com o atual modelo, nossos cursos não são aceitos em alguns países do exterior e, por isso, perdemos grandes oportunidades de atuarmos fora do Brasil. Em um futuro, a ideia é nos associarmos a uma universidade para oferecermos um curso superior para treinador de futebol.
Queremos que os contratos de todos os treinadores sejam registrados nas federações e na CBF, como acontece com os atletas, recomenda Mancini

Universidade do Futebol – Em sua opinião, quais são os principais entraves para a profissionalização dos profissionais que atuam nesta função dentro do futebol brasileiro?
 
Vagner Mancini – São muitos. Nosso país tem dimensões continentais. Com isso, temos dificuldades para unificação de ideias e regulamentos. Então, qualquer pessoa pode ser treinador no Brasil e isso não é correto.
 
Em primeiro lugar, o treinador tem de ter noção de treinamentos, de intensidade de treinos, de táticas, etc. Mas, ele também deve ser um educador, pois está lidando com seres humanos. Além disso, a cultura do jeitinho brasileiro, no qual o treinador é escolhido sem nenhum planejamento e a mentalidade amadora também fazem com que as estruturas não melhorem.
 
A cultura do "ter de ganhar" sem se preocupar com o trabalho em longo prazo, o discurso da mídia que quer vender jornais e ter cada vez mais audiência sem se preocupar em conhecer o dia a dia dos clubes e trabalhar em prol da evolução do esporte.
 
Outra coisa, a falta de organização dos profissionais, no caso os treinadores, para buscar coisas novas e compartilhar com os outros colegas de profissão ou profissionais do futebol, a carência de simpósios e encontros para a qualificação dos mesmos, a falta de uma liderança que possa organizar a classe e dar respaldo a esses profissionais, entre outros entraves.

Segundo o ex-jogador, a carência de simpósios e encontros para a qualificação dos técnicos e a falta de uma liderança que possa organizar a classe e dar respaldo a esses profissionais também são outros entraves
Universidade do Futebol – Como vocês pretendem proteger os treinadores da cultura do curtíssimo prazo, onde dois ou três resultados negativos precipitam a demissão do treinador? O que pode ser feito neste sentido? Que mecanismos podem ser propostos?
 
Vagner Mancini – A ideia é modificar o panorama através de um projeto de lei que será encaminhado ao Senado, onde queremos promover algumas mudanças na legislação atual.
Por exemplo, o pagamento total do contrato em caso de demissão. Nesse caso, o treinador não poderia atuar em outro clube naquela temporada e, quando um clube demitir o treinador, a diretoria só poderá contratar um outro profissional quando tiver a assinatura da rescisão encaminhada à CBF, entre outras ideias.
 
Com o formato que temos hoje em dia no Brasil, só estamos protegidos com vitórias e conquistas, não há maneira de proteger ninguém, com ou sem federação. Em primeiro lugar, temos de mudar a mentalidade dos dirigentes, da imprensa e dos torcedores, todos imediatistas, que querem resultados e conquistas a todo instante, como se o treinador tivesse uma varinha mágica para desenvolver trabalhos produtivos sem ter tempo adequado para executá-los.
 
Então, a única maneira é conseguirmos por meio de um projeto de lei, conforme citado, dar ao treinador um respaldo maior na legislação para que o dirigente saiba que demiti-lo gera um prejuízo aos cofres de sua agremiação, além de dar tempo a este profissional.
Com o atual modelo, nossos cursos não são aceitos em alguns países do exterior e, por isso, perdemos grandes oportunidades de atuarmos fora do Brasil, diz Mancini

Universidade do Futebol – A profissionalização do treinador de futebol, neste século XXI, passa inevitavelmente por uma boa formação e atualização de conhecimentos que lhe dê suporte. Você acredita que somente a formação em Educação Física é o caminho? Ou você pensa em um modelo de formação específico? Como você vê esta questão?
 
Vagner Mancini – Não acho que um estudante de Educação Física formado tenha capacidade de dirigir um clube de futebol somente pelos conhecimentos adquiridos no curso. Terá de ter também capacidade técnica e tática para desenvolver o seu trabalho.
Estamos longe do modelo ideal, no qual através da universidade, esse profissional aprendesse regras e conhecimentos essenciais para a profissão. Atualmente, a maioria dos treinadores é formada por ex-atletas, que pela experiência adquirida durante a carreira, acabam tendo uma chance maior de trabalho.
 
Se conseguirmos unir essa experiência prévia à parte acadêmica, teremos uma melhor formação dos técnicos de futebol no país, com noções básicas de psicologia, gestão de pessoas, estratégias, etc.
A pressão exercida em qualquer clube tem início na mídia e agora nas redes sociais e acaba ultrapassando os limites de segurança, revela

Universidade do Futebol – Muitas vezes, a relação entre a mídia e os treinadores é tensa e conturbada. No seu modo de entender, como isto impacta no reconhecimento social e na pressão que os treinadores sofrem?
 
Vagner Mancini – A mídia é feita de bons e maus profissionais, assim como qualquer área ou categoria da sociedade. Existem os profissionais que contribuem para a evolução do esporte e também há quem prejudique. Muitas vezes, até por despreparo.
 
Então, a relação entre mídia e treinadores é conturbada e sempre será porque o treinador é julgado de uma forma desproporcional de tempo. A pressão exercida em qualquer clube tem início na mídia e agora nas redes sociais e acaba ultrapassando os limites de segurança. Nós, treinadores, somos, muitas vezes, ameaçados em lugares públicos.
 
O fato de "vender" jornal e ter audiência é mais forte do que caráter, sinceridade e dignidade. Nesse ponto estamos atrasados. O Brasil é um dos poucos países que ofender pessoas que estão trabalhando é normal. Por isso, as pessoas pagam ingresso e se sentem no direito de ofender aos outros, como se isso fosse uma coisa normal.
A ideia da federação é criar cursos de preparação e formação para novos treinadores e também qualificar melhor os que já são profissionais na área do treinamento. Tudo isso com a chancela da Fifa e da CBF, avisa Mancini

Universidade do Futebol – A Uefa vem realizando há mais de 10 anos um trabalho de apoio na direção de formar melhores treinadores através de diversos programas de qualificação. A FBTF tem conhecimento destes trabalhos? Quais seriam as dificuldades para se fazer algo semelhante no Brasil?
Vagner Mancini – Temos conhecimento sim desse trabalho feito na Europa. Queremos exatamente nos espelhar em quem trabalha direito e forma profissionais melhores a cada ano.
Para isso, necessitamos de uma união entre federação, CBF, sindicatos e clubes. E só conseguiremos isso quando estivermos mais bem estruturados e nosso futebol mais evoluído em profissionalismo.
 
Como podemos qualificar melhor nossos profissionais se não temos contrato assinado com mais da metade desses profissionais? Primeiramente, vamos arrumar a base, depois vamos melhorar as condições de trabalho, aí sim capacitar.


Universidade do Futebol – Em grande parte das profissões no futebol ainda permanece o conhecimento empírico devido à nossa pouca cultura de formação. No seu modo de entender, como a federação pode ajudar a mudar este cenário?
 
Vagner Mancini – Acho que a federação pode auxiliar e muito a estrutura do futebol brasileiro, pois vamos caminhar em direção à formação de melhores treinadores. Com a ideia de um curso superior, novas portas se abrirão também para outros cargos e categorias que também fazem parte da nossa estrutura.
 
Os executivos também estão se profissionalizando. Quem sabe um dia, teremos o prazer de anunciar uma Federação de Profissionais do Futebol.

Leia mais:Especial: a importância da formação do treinador de futebol
Especial: a importância da formação do treinador de futebol – parte II
Especial: a importância da formação do treinador de futebol – parte III
Especial: a importância da formação do treinador de futebol – parte IV
Especial: a importância da formação do treinador de futebol – parte final                                          Marcelo Martins, preparador físico do Bayern de Munique Francisco Navarro Primo, treinador da base do Valencia 
Pedro Boesel, gestor financeiro
Emily Lima, treinadora da seleção brasileira sub-17
João Burse, técnico do Mogi Mirim sub-20
Mariano Moreno, diretor da escola de técnicos da Espanha
Núcleo de Futebol da Faculdade de Motricidade Humana
Baltemar Brito, ex-auxiliar de José Mourinho
Kemal Alispahic, treinador da seleção do Tadjiquistao
Maurice Steijn, treinador do ADO Den Haag
Hidde Van Boven, treinador do sub-13 do VV De Meern
Wim van Zeist, instrutor técnico do De Graafschap
Reinier Robbemond, treinador da equipe sub-13 do AZ Alkmaar
Jefta Bresser, ex-treinador da academia de jovens do PSV Eindhoven
Ron Jans, treinador do SC Heerenveen
Aleksandar Rogic, assistente técnico da seleção principal de Gana
João Aroso, treinador adjunto da seleção portuguesa de futebol
Roberto Landi, treinador da seleção da Libéria
Gustavo Almeida, técnico do Red Bull sub-15
Cláudio Roberto Silveira, treinador do Sri Lanka

Entrevista
Universidade do Futebol        
18/10/2013 00:00:00

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PELÉ COMPLETA 73 ANOS!!!

Pelé completa 73 anos e comemora com “festa surpresa” no México
No México, onde está há alguns dias, Pelé acabou recepcionado com um bolo e uma pequena comemoração em sua homenagem Foto: Twitter
No México, onde está há alguns dias, Pelé acabou recepcionado com um bolo e uma pequena comemoração em sua homenagem
Foto: Twitter
Nesta quarta-feira, dia 23 de outubro, Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé, completa 73 anos de idade. Para comemorar a data, o maior jogador da história do futebol foi pego de surpresa. No México, onde está há alguns dias, acabou recepcionado com um bolo e uma pequena comemoração em sua homenagem.

Adepto das redes sócias, ele tratou de compartilhar o momento com seus seguidores do Twitter e Facebook e postou a foto da "festa" que ganhou durante sua ida a um canal de TV local. "Foi grande surpresa para mim, não esperava passar o aniversário no México. Mas foi um prazer. Agora vou comemorar com a família. Agradeço a Deus pela saúde e por me dar mais um ano de vida!", escreveu.
Beatles foram proibidos de fazer show privado para Pelé
 
O Santos, clube pelo qual o Rei do Futebol brilhou, também se lembrou de Pelé nesta quarta-feira e prepara uma série de ações promocionais com seus sócios torcedores. A cidade natal do ex-jogador, Três Corações, também está em festa. As comemorações começaram na última sexta-feira e vão até o final desta semana, com a inauguração de um museu em homenagem à Dona Celeste, mãe do ex-atacante.
Pelé dispensa modelos para tirar foto com "tiazinha da cozinha"
 
Nascido na cidade do sul de Minas Gerais, Pelé se consolidou como maior jogador da história do futebol no Santos e na Seleção Brasileira. Pelo clube alvinegro, conquistou 10 títulos paulistas, seis Campeonatos Brasileiros, duas Copas Libertadores e dois Mundiais Interclubes. Já pela Seleção, venceu três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970) e se tornou o maior artilheiro da história da equipe verde e amarela. Encerrou a sua carreira em 1977, no New York Cosmos, dos Estados Unidos, e, em 1366 partidas por quase 20 anos, anotou 1283 gols. Em 1981, foi eleito o maior atleta do século XX.
Terra
23 de Outubro de 2013 atualizado às 12h41

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ENTREVISTA COM SEBASTIÃO BELMINO: "EU MORRIA DE MEDO DE CÂMARE"!!!

Entrevista com Sebastião Belmino: "Eu morria de medo de câmera"


 A Entrevista desta semana é com um dos apresentadores mais carismáticos e queridos da mídia cearense. Sebastião Belmino é o típico cearense, principalmente no seu jeito de se comunicar.

Com quase 50 anos de carreira, foi goleiro e disse que era dos bons. Garante que morria de medo de câmera, teve em seu programa, na antiga TV Educativa, o ex-governador Ciro Gomes como comentarista, já torceu por Fortaleza, Ceará, Bangu e Ferroviário, e diz que já está perto de encerrar a carreira.

O bate-papo foi realizado na última sexta-feira (04/10), quando revelou em primeira mão que se filiou ao PEN e, se acordar de bom humor, deve sair candidato a deputado. Belmino revelou ainda que é católico, tem pressão alta, mas está controlada e afirma que tem muito político ator.
Você foi goleiro mesmo ou é só brincadeira sua na bancada do “A Grande Jogada”?
É verdade. E era bom. Comecei jogando futebol de salão no infanto-juvenil. Joguei na equipe de um pernambucano que veio embora para cá, Seu Edson, dono de uma loja chamada Nações Unidas. Ele criou uma quadra na casa dele e um time chamado RAC, Recinto Atlético Clube, foi onde passei minha primeira juventude. Lá tinha um slogan “Mais Esporte Menos Vício”. Foi graças a ele e a esse projeto que eu nunca entrei em negócio de droga ou me envolvi com droga. Ele nos mantinha praticamente a semana toda ocupados treinando e jogando. Mas o seu Edson teve de voltar pra Recife e o time infelizmente acabou. De lá, fui para o CEM, Centro Esportivo Moradanovense, ainda joguei na AABB. Quando estava passando para adulto, eu comecei a trabalhar na TV Ceará Canal 2. Aí fiquei com medo. Quando fui convocado para defender a Seleção Cearense, por volta de 65,66, fui disputar o Campeonato Brasileiro, em São Bernardo do Campo (SP). Mas na volta, meu emprego na TV tava meio perigando. Aí tive de desistir do Futebol de Salão, porque eu trabalhava à noite, e os jogos e os treinos eram no mesmo horário. Aí tive de abdicar. Então, fiquei só jogando nos finais de semana em times de futebol de subúrbio. O famoso suburbão. O legal é que hoje eu vejo o pessoal indo pros jogos de ônibus e tudo. No meu tempo, era em cima de um caminhão com uma corda no meio pra gente ficar se segurando. Mas joguei ainda um bocado. Ainda fui reserva no time do América, acho que em 66. Mas com o trabalho na TV também não deu para conciliar.
 
Seu estilo consegue agradar os mais jovens e também os mais velhos. Quando você adotou esse estilo? Você se inspirou em alguém?
Quando fui diretor da TV Educativa, que hoje é a TVC, eu quis fazer uma equipe de esportes. E o superintendente na época era o Teobaldo Landim e disse que eu poderia contratar quem eu quisesse. E naquele tempo, década de 1970, o pau que troava aqui, era Celso Martinelli e Paulino Rocha. Eu levei o Martinelli para ser comentarista na TV. Com ele, eu levei também o Ney Botto Guimarães, ambos da Rádio Dragão do Mar, e criei um Programa de TV, “Na Boca do Túnel”. Os dois apresentavam. Só que o Celso era meio doidão e deixou a emissora, e o Ney ficou. Por um motivo que até hoje eu não sei. Depois, o Ney saiu e me deixou uma carta, que até hoje eu tenho guardada, dizendo que ia embora e fez um pedido. Que eu não deixasse outra pessoa fazer o programa. Que eu apresentasse o programa no meu estilo. Como eu era no dia a dia. Com meu jeito brincalhão. Só que eu morria de medo de câmera. Eu me escondia quando via uma câmera perto de mim. O Ney foi embora de domingo para segunda. E na segunda a carta tava lá na TV. E alguém tinha que fazer a apresentação do programa. Não tinha ninguém. Fui falar com o meu diretor e saudoso amigo um dos grandes professores que eu tive, Guilherme Dantas. Expliquei a ele. Mas ele disse pra eu ir apresentar e me deu uma dica. “Antes de começar o programa vai ao bar aqui perto e toma duas doses de cachaça”. O Programa era dez da noite. Aí eu pensei, se eu tomar essa cachaça, eu só vou conseguir apresentar se for desse jeito. Então, eu decidi ir no seco mesmo. E fui apresentar a mesa. Do qual participavam o Alan Neto, o Wilton Bezerra, Ximenes Filho e o Paulo Karam. Só que aquele meu jeito de brincar com os câmeras, era uma auto defesa, era um medo. Só que a coisa foi pegando, foi dando certo e até hoje tem gente que gosta desse meu jeito, dessas minhas doidices.
 
Deve ter sido difícil no começo mostrar esse jeito?
Eu recebi muitas críticas. Porque aquilo que eu fazia não existia para os padrões da época. Televisão era coisa séria, ainda mais para um apresentador. Eu sempre gostei de desmistificar a televisão. Eu quando trabalhei como “cameraman” e assistente de estúdio em novelas, eu achava que as pessoas queriam ver o outro lado. Ver os bastidores. Quando eu subi para a mesa de corte do canal 2, um dia no programa chamado TV Juventude, eu botei no ar e mostrei a iluminação, mostrei as câmeras, os microfones... O Doutor Rômulo Siqueira, que era diretor comercial da TV Ceará, na mesma hora disse que eu não fizesse mais isso. Não deixasse mais eu cortar programa ao vivo, porque aquilo não existia em televisão. Eu fiquei na minha. 20 dias depois, chega a fita com o Programa do Chacrinha, que mostrava tudo. Aí, o Doutor Rômulo me chamou para a sala dele, junto com o Dr. Manelito Eduardo, diretor da emissora, me pediu desculpa. Ele disse que infelizmente não tinha alcançado o futuro da televisão e a partir daí eu comecei a desmistificar a TV e tô até hoje.
 
Hoje você está na Rádio Clube. Qual foi o motivo da sua saída da Rádio Verdes Mares?
Na realidade, eu fiz o inverso da turma que está por aí na TV, né? Eu sai da TV e só depois que fui para o rádio. Eu fiz o contrário. O problema da Verdinha foi exclusivamente porque o programa era feito aos domingos. E eu tinha um horário entre 12 e duas da tarde. A programação era do Gomes Farias. E houve uma mudança a pedido do Farias para que ficasse de 11 a uma da tarde. Eu adorava fazer o programa. Mas aí tinha um problema. Eu perdia meu final de semana. Eu não podia viajar, eu não podia ir para uma beira duma praia passar o domingo, eu não podia sair pra canto nenhum, porque eu tinha de preparar o programa, fazer a produção, saber o que ia acontecer, as músicas, essas coisas. O Farias ficou de me arrumar um horário. Não me ligou, eu também não fui atrás. E eu fiquei sem prefixo. Fui convidado por outras emissoras, mas eram tudo para o final de semana, e eu não queria. Aí, quando foi agora, o Henrique Gondim, diretor comercial da Ceará Rádio Clube, me convidou para fazer um programa num horário compatível durante a semana. E tá mais ou menos dando certo. É claro que a gente não tá jogando no Flamengo, mas de vez em quando o Olaria pode ganhar, né?
 
Você já era bastante conhecido pelas passagens na TVC e na extinta Manchete, mas creio que com a TV Diário houve um crescimento da fama ainda maior...
É verdade. O pulo foi grande. Mas eu já vinha de um pinote bom, quando saí da TV Educativa e fui para a TV Manchete, graças ao Guto Benevides que me levou para lá. Eu passei sete anos na Manchete e a popularidade foi muito grande, mas a TV era pequena e não tinha todo esse potencial técnico e de reportagem que a TV Diário tem. Quando cheguei na TV Diário, o mundo se ampliou. A TV Diário é cearense e dá oportunidade às pessoas cearenses. Graças a Deus, eu tive a chance de fazer um programa totalmente da terra e com linguajar cearense. Então, pra mim a TV Diário foi e é sem dúvida alguma o meu maior pico profissional.
 
Aliás, a saída da TV Diário da antena parabólica foi um baque muito pesado para a emissora. Como foi que você analisou todo aquele episódio?
Foi um baque muito grande, sim. Até porque a TV Diário foi uma coqueluche muito grande não só no interior do Ceará, mas em todo o Brasil. Principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde há muito nordestino e cearense. Eu cansei de viajar de carro pelo interior e via casas que não tinham nem como se segurar, mas no terreno havia uma parabólica. Lugares assim bem distantes mesmo. Eu passava e alguém gritava: olha o Belmino da televisão. Tem uma história engraçada. Eu vinha de Juazeiro com minha mulher de carro. Depois de Iguatu, ela pediu para eu parar o carro porque tava com muita sede, mas não havia nada, foi quando depois avistamos uma casinha bem humilde escrito: vende-se água. Eu desci, tinha um garotinho, eu perguntei se tinha, ele me atendeu, ficou olhando pra mim e perguntou: “Você é aquele cara que eu tô pensando?” Eu disse: “acho que sou”. Ele gritou: “Mãe, venha ver aquele homem gordo e doido que a senhora gosta”. Aí, apareceu uma senhora bem humilde, já de idade, bonita, e ficou pegando em mim. Eu tirei um escapulário que eu usava e dei para ela. Mas ela queria porque queria que eu esperasse ela matar uma galinha pra eu comer na casa dela. O que eu pude fazer para ela, foi esperar o menino ir de moto chamar os familiares, vizinhos, pessoal que morava lá perto para eles verem que era eu que tinha ido na casa dela. Segundo ela, porque se eu tirasse uma foto, todo mundo ia achar que era montagem ou mentira dela. Então, a parabólica provocou tudo isso. Fiquei muito triste. A negrada gostava desse meu jeito, das minhas brincadeiras, de ser matuto como eles. E com sinceridade, até hoje eu não sei o motivo do sinal da TV Diário ter saído das parabólicas.
 
 
Como é o seu dia a dia profissional. Você chega que horas para trabalhar e sai que horas?
Eu chego na TV Diário por volta das oito e trinta, nove horas da manhã. Eu não faço mais a produção do programa. Graças a Deus. Eu não tenho mais idade para isso. Você sabe que dá muito trabalho. A produção é toda do Haroldo (Pedreira) e do George (Facundo), com a supervisão do Roberto Moreira. Fazer produção é muita preocupação, às vezes, você nem dorme. Eu só apresento. Então, eu fico lá até meio-dia. Pego o carro na carreira e vou para a Ceará Rádio Clube. Gravo antes a abertura, que são cerca de 5 minutos e faço meu programa até uma hora da tarde. Mas eu gosto dessa correria, porque fazer o que você gosta não tem coisa melhor na sua vida profissional.
 
Há um debate de que o jornalismo esportivo está caindo mais para o entretenimento. Com matérias pitorescas e humorísticas. Qual a sua opinião sobre esse assunto?
Eu acho bom. Porque só tem desgraça na televisão. Acho legal esse novo estilo. Apesar de que hoje é o pior momento da televisão brasileira. Desde quando comecei até agora, a TV brasileira passa por uma situação lamentável, caiu. Caiu muito. O padrão da TV Globo, que tá até repetindo novela, está diminuindo. Acho que tá faltando criatividade para fazer coisas melhores. Então, eu acho legal esse lado do humor, porque é desgraça demais. As maiores audiências hoje são sobre desgraça, são os programas policiais. Até o Jornal Nacional é só desgraça. Mas é uma realidade brasileira. Então, um pouco de humor nesse jornalismo faz bem.
 
Vamos mudar um pouco de assunto.  Como você avalia o Governo Cid Gomes?
Eu gosto do Cid Gomes. Primeiro como figura humana. Eu acho ele uma criatura muito boa. Eu o encontrei pela primeira vez, quando ele era prefeito de Sobral, numa festa em Flecheiras. Eu conhecia bem o irmão dele, o Ciro, que inclusive foi comentarista no meu programa Boca do Túnel. Eu perguntei ao Cid o que ele iria fazer depois que terminasse o mandato de Prefeito. Ele me disse que ia estudar e depois iria ser governador. E foi. Olha, se não fosse tanta polêmica em cima desse rapaz... Eu acho o governo dele muito bom. Eu gosto dele. É uma pessoa simples, dirige o próprio carro, chega num restaurante, desce e vem falar com as pessoas. Eu acho o governo dele bem feito. As pessoas podem pensar que quando a gente elogia um governo, a gente tem alguma coisa envolvida, mas eu não tenho nada. Eu não preciso de governador Cid, mas eu sou a favor do Governo dele. De um a dez, eu daria um oito.
 
E o da Presidenta Dilma?
Aí é que a porca torce o rabo. Eu não acredito muito que a Dilma governe este nosso País sem o Lula. O Lula não entregaria esse governo a alguém se ele não pudesse mandar. De todos os companheiros que ele tinha no PT, ele ter escolhido ela, tinha alguma coisa. Porque falando assim bem popular, eu não acho que a Dilma vá no banheiro e não pergunte ao Lula. Ninguém entregaria uma coisa muito boa, no caso a presidência da república, um presente, a qualquer pessoa. Mas ela tem boas propostas nesse plano popular do PT. Nada contra ela. Pelo contrário. Eu respeito minha presidenta. Agora, não acredito que ela governe sem o pitaco do Lula. Opinião minha. Claro que muitos podem discordar.
 
Daqui a dez anos como você se enxerga?
Se eu tiver vivo, eu quero já ter parado. Tem muita gente nova surgindo. Pessoas boas. Um exemplo disso é o Kaio Cezar, que agora foi para a TV Verdes Mares. Um ótimo narrador, ótimo profissional, grande figura. Eu até brinco com os meninos no programa que lá só tem dinossauro, eu, o Tom Barros e o Wilton Bezerra. Mas daqui a dez anos, se vivo for, eu quero estar numa boa, quieto numa beira de praia, brincando com meus netos. Batendo papo. Vou sentir saudade. Mas já tá na hora de dar a vaga a esse povo jovem.
 
Você usa as redes sociais (Facebook), é raro hoje em dia alguém da sua idade nesse mundo. Ajuda no seu trabalho e contato com os fãs? Como você analisa essas novas mídias?
Eu vou ser sincero. Eu não sei mexer em quase nada ali. Eu só uso por causa dos meus filhos. Eu não mexo bulhufas daquilo ali. Mas eu gosto de ler e dar um pitaco. É o futuro. Essas redes sociais é o futuro da mídia. Mas eu sou um metido no Facebook. Eu não sei colocar uma foto. É como se eu fosse uma caravela e passasse um Boeing. Mas acho paidegua. Eu me divirto.
 
Longe das câmeras, como é o Sebastião Belmino?
Eu acho que sou do mesmo jeito. Quer dizer, algumas pessoas perguntam a gente mais próxima se eu sou daquele jeito mesmo da televisão e respondem que eu sou pior, mais fuleiro. Eu sou do jeito que sou. Eu sou um péssimo ator. Não tem jeito. Eu sou desse jeito mesmo.
 
Você acredita em Deus? Tem alguma religião?
Eu sou católico. Acredito muito em Deus. Se um dia você for em minha casa, você vai ver que tem um santuário lá. Algumas pessoas chegam a dizer, “mas Belmino isso não é o culto da imagem”. Não. Não é. A imagem é uma representação do que você acredita ser. Então, eu passo em frente a uma igreja e faço o sinal da cruz. O pessoal pergunta o motivo. Eu sempre respondo que quando um militar passa em frente a uma bandeira do país ele num bate continência, eu também faço a minha. Acredito muito em Jesus Cristo. Não só como homem na terra, mas como ser supremo. Agora, eu tenho contrato com a Nossa Senhora de Fátima. Uma das minhas protetoras. Dia 13, eu não vou à missa. Eu digo pra ela que é porque tem muita gente, mas dia 12 ou 14 eu vou à igreja sozinho, assisto à missa, faço minhas orações e depois meto o pé na carreira.
 
Você já foi convidado para ser filiado a algum partido ou ser candidato a algum cargo público?
Já. Inclusive hoje eu me filiei a um partido (a entrevista foi feita dia 04/10, penúltimo dia para mudanças de partido àqueles que quiseram se candidatar nas eleições do próximo ano). Me filiei ao PEN (Partido Ecológico Nacional) do Samuel Braga. Eu era filiado ao Partido do (Deputado) Ely Aguiar (PSDC). Na eleição passada, eu me “empiriquitei” me embanderei todo para ser candidato a vereador. Mandei fazer faixa para levar lá para inaugurar o comitê central da campanha. Era um domingo. Só que eu acordei de ressaca. E decidi. Não vou. Não quero mais. Vai ser um enchimento de saco. Eu não tenho paciência para isso mais não. Mandei queimar as faixas. Alguns amigos ficaram até com raiva, porque consegui dinheiro para comprar uma Kombi com sistema de som para ficar passando pelas ruas. Mas agora, o Samuel me convidou e eu me filiei para ser candidato a deputado federal ou estadual. Só não sei se até lá vou até o fim. Porque para isso eu sou muito preguiçoso.
 
Como está a saúde? Você está se cuidando?
Está tudo sobre controle. Eu tenho pressão alta. Ultimamente estou com a glicose alta, mas eu tô tomando remédio e tá controlado. Eu sou um cara que passa a semana toda em casa. Não saio. Só fumo dia de sexta-feira. Que é o dia que tomo meu whiskyzinho, minha caninha. Mas eu faço caminhada de manhã e de tarde e tá tudo bem, graças a Deus. Deus tem sido muito bom comigo.
 
 
Você torce mesmo ferroviário ou é pra não dizer que torce Ceará ou Fortaleza?
Essa pergunta... Só vindo de você, Kempes. Na realidade, eu nunca fui torcedor mesmo. Vou lhe explicar. Primeiro jogo que fui na minha vida foi do Fortaleza contra o Nacional de Manaus. Inclusive, eu tenho a súmula dessa partida lá em casa. O Alfredo Sampaio me deu de presente uma cópia. Foi 9 a 2 para o Fortaleza. Eu fui pra esse jogo com meu pai, que era Fortaleza. Mas sem ir a Estádio, porque meu pai era juiz de direito e vivia nos interiores, só depois que veio para a Capital. Fiquei por um tempo gostando do Fortaleza. Só que, veja como é besteira de criança, uma vez o Bangu veio jogar aqui e eu achei lindo os meões do Bangu e aquilo me encantou por um bom período. Pra você ver. Aí, passou o tempo, e eu me apaixonei pelo Ceará Sporting Club. Ah, o Ceará do meu goleiro Aluisio Linhares. Só que quando chegou o América de 1966 com aquele timão. Eu mudei para o América. Era torcedor do América. Mas sem grande entusiasmo. Voltou o Maguary. Fui torcer para o Maguary. De verdade, eu sempre gostei do futebol cearense. Ninguém gosta mais de ser cearense como eu. Eu dou valor, ó. E o Ferroviário veio eu já praticamente com barba na cara. Conheci uma corriola espetacular que dirigia o clube. Ruy Ceará, Caetano Paiva, o Jumbo e vários outros. Aí, comecei acompanhar e torcer pelo Ferroviário. Hoje eu torço, mas não sou entusiasmado. Com sinceridade, gosto do futebol cearense, que merecia estar num lugar melhor. Adoro o futebol daqui, acho paidegua.
 
Você fica no ar até quando?
Eu não quero dia marcado. Eu quero chegar um dia, acordar e dizer: é hoje. Mas eu não tenho planos. Mas de uma coisa é certa. Tá chegando a hora. Tem de dar a vaga pros mais jovens. O Gomes Farias é que diz né? Quando tá narrando: O tempo passou! Pois é, acho que tá na hora de ir cuidar das galinhas pé duro.
 
Mas continua no Rádio?
Eu gosto do Rádio. Adoro aquele imediatismo do Rádio. Você tá apresentando um programa e recebe um telefonema, a pessoa fala com você, diz o que tá acontecendo. Se eu parar na TV, eu acho que continuo no Rádio. Acho muito paidegua.
Pra fechar: um “bate-pronto’ pra você dizer suas preferências:
 
Carro? Maverick
Jogador de futebol? Zé Eduardo, mas meu ídolo foi o goleiro Aloísio Linhares.
Político? Juscelino Kubitschek
Ator? São tantos bons atores no Brasil. Inclusive tem muito político ator. Mas eu fico com Chico Anysio.
Atriz? Todo mundo diz Fernanda Montenegro. Mas aqui no Ceará tem tantas: Dora Barros, Carla Peixoto... Mas ator e atriz maior é o povo brasileiro que tem que viver com esse salário.
Bebida? Cachaça ou Wisky
Comida? Galinha cabidela ou carne de bode
Filme? É antigo. Filme lindíssimo. “O Hino de uma Consciência”. Nunca encontrei em fita de vídeo. E no lado do cowboy eu fico com o “Duelo de Titãs” com Kirk Douglas e Antony Quinn.
Livro? O Advogado do Diabo e Róbson Crusoé
Novela? Roque Santeiro.
Apresentador (a) de TV? A dupla Cid Moreira e Sérgio Chapelin pra mim é inigualável.
Repórter? Francisco José e Nelson Faheina

Lugar inesquecível? Fernando de Noronha
Lugar pra conhecer? O céu
segunda-feira, 7 de outubro de 2013