PERSONALIDADES DO ESPORTE

sábado, 28 de maio de 2011

A DERROTA INESQUECÍVEL!!!

A derrota inesquecível de Joel: "Meu time era muito melhor que o do Flamengo"
- Técnico do Vasco no Carioca de 2001 se rende ao talento de Pet: "Só um jogador assim teria competência de fazer um gol naquele momento"

Joel Santana (Foto) não esconde que a derrota de 2001 o marcou - Foto: Thiago Correia / GLOBOESPORTE.COM

Joel Santana chega apressado à entrevista e com hora para sair por conta de outro compromisso. Deixa o telefone celular no silencioso, ajuda a equipe a colocar o microfone, senta-se e abusa da irreverência. As duas primeiras perguntas da conversa, num restaurante bem perto da praia da Copacabana, na Zona Sul, são dele. A resposta também.

- Vamos falar sobre o quê? Sobre Pet? Ele é meu amigo, mas não vou jogar confete para ele, não.

Se Zagallo se arrepia ao falar do dia 27 de maio de 2001, Joel
tem calafrios imunes aos 62 anos de idade, três décadas como treinador e oito títulos cariocas, além de um nacional e internacional com o Vasco. Não fosse o gol de Petkovic, seriam nove conquistas estaduais.

- Não preciso assistir. Aquele lance está aqui (aponta para a cabeça)
- disse o comandante vascaíno naquela época, ao se recusar a rever a jogada que deu o tricampeonato ao Flamengo do Velho Lobo.

Convencido pela reportagem, Joel, atualmente sem clube,
enxerga um Joel mais magro na tela do computador. Já vitorioso, dez anos mais moço, expressão sisuda à beira do gramado do Macaranã. Chateado mesmo, quase com cara de choro. Aquela falta, aqueles 43 minutos do segundo tempo, aquela derrota... nem a prancheta nervosa - como ele diz - evitaria.

- Quando o árbitro marca a falta naquele momento do jogo (assista ao vídeo ao lado), e o Flamengo com um batedor como o Pet, você não gosta de um lance de frente para a área para um jogador daquela qualidade. Só numa falta batida com aquela competência e com aquela qualidade é que poderia sair um gol. Como saiu.

Um lance marcante mesmo para quem tem tanta história para contar. Mais um dentre tantos que contrariam a lógica.

- Meu time era muito melhor que o do Flamengo. Pelo que me lembro, tinha Romário, Euller, Viola, tinha Pedrinho, tinha Jorginho. Tinha Juninho Paulista, Juninho Pernambucano. Olha só! Estava esquecendo esses dois jogadores. A nossa campanha, a nossa vantagem era muito grande - analisou Joel, cometendo equívoco apenas na escalação de Juninho Pernambucano, que já havia deixado o clube.

Depois da vitória do seu time na primeira partida da final, por 2 a 1, a derrota pelo mesmo placar levaria o título para São Januário. Pet estabeleceu o 3 a 1. A vantagem não resistiu ao talento do sérvio, algo que o treinador faz questão de ressaltar.

- Sobre Pet, Romário, Roberto (Dinamite) e muitos e muitos outros jogadores, você não fala muito porque o nome já diz que são diferenciados. Ele é top de linha. Para jogador mais ou menos é que a gente fica dando explicação.

Confira abaixo a íntegra da entrevista.

Revendo o lance, uma das imagens antes da cobrança é a sua expressão chateada pela marcação da falta. Era um momento em que dava para ter parado o jogo no meio-campo, não precisava ter deixado a bola chegar tão perto da área?


É muito fácil falar depois de vários anos, arrumar algum tipo de desculpa, algum tipo de defeito. Algumas coisas no futebol acontecem ali na hora. Eu nem achei que foi falta assim. Mas foi questão da arbitragem, e ele (o ex-árbitro Léo Feldman) deixou o lance correr. O lance seguiu com um córner que nós fizemos e não sabíamos se era córner ou falta. Quando ele marca a falta naquele momento do jogo, e o Flamengo com um batedor como o Pet, você não gosta de um lance de frente para a área para um jogador daquela qualidade. Apesar de que, minutos antes, ele tinha pedido para sair. Ele e um outro jogador, não me lembro quem foi, que estava com o joelho inchado. E o Pet com muita cãibra. Aí o preparador físico tirou o outro jogador. Ele permaneceu. Pela distância da bola e pelo goleiro que tínhamos, que é um baita de um goleiro, o Helton, que está lá no Porto agarrando muito, só numa falta batida com aquela competência e com aquela qualidade é que poderia sair um gol. Como saiu. Foi um lance de pura qualidade técnica de um jogador que resolveu um clássico. Foi um jogo atípico, porque no primeiro tempo jogamos muito bem, mas deixamos criar uma jogada que era a única que poderia sair o gol naquela altura dos acontecimentos.

Seu time era melhor que o do Flamengo?

Meu time era muito melhor que o do Flamengo. Pelo que me lembro, tinha Romário, Euller, Viola, tinha Pedrinho, tinha Jorginho. A nossa campanha, a nossa vantagem era muito grande. Realmente, se você colocasse no papel, o time do Flamengo era muito novo. O Juan (zagueiro, hoje no Roma) estava na primeira decisão, que é um jogador que eu conheço muito bem. Tem tanta qualidade que foi a duas Copas do Mundo (2006 e 2010). O Fernando estava chegando. O Julinho (Julio César, goleiro do Inter de Milão) estava começando. Olha a qualidade dos jogadores. Hoje, todos em grandes equipes, todos em Seleção Brasileira. Jogadores que estavam crescendo, que eu comecei a lançar quando estive no Flamengo. Sabia da qualidade e da competência desses jogadores. Não abrir a vantagem no primeiro tempo deu ao adversário condições de ele lutar pelo jogo até o fim.

Como foi a conversa com o time antes do jogo?

Depois do nosso primeiro tempo, entramos reclamando muito no vestiário, pela quantidade de gols que perdemos. E sabemos que em clássico você não pode perder tantos gols. E no segundo tempo foi um jogo lá e cá. Antes desse lance do gol, tivemos uma oportunidade muito mais clara e não conseguimos fazer. Era jogo de um detalhe. E em um detalhe o Pet foi lá e matou o jogo"Joel SantanaO time estava tranquilo. Nós vínhamos fazendo uma campanha de Libertadores e de Campeonato Carioca muito boa. Depois do nosso primeiro tempo, entramos reclamando muito no vestiário, pela quantidade de gols que nós perdemos. E nós sabemos que em clássico você não pode perder tantos gols. E no segundo tempo foi um jogo lá e cá, lá e cá. Antes desse lance do gol, nós tivemos uma oportunidade muito mais clara e não conseguimos fazer. Era jogo de um detalhe. E em um detalhe o Pet foi lá e matou o jogo.

O fato de o Vasco ter perdido os dois campeonatos anteriores fez o grupo entrar sob uma pressão maior?
O time era muito maduro, cara. Nosso time era frio. Fomos o clube que ganhou mais jogos seguidos na Libertadores daquele ano. Foram oito jogos seguidos. O time era maduro, plantado, postado. Time que sabia o que queria em campo, tinha maneira de jogar, nossas mexidas eram certas. Infelizmente no futebol o resultado final é o que conta. Era um time muito bom. Talvez um dos melhores times em termos de jogadores que eu trabalhei. Era muito compacto. Mas naquele jogo o Flamengo foi mais feliz.

O gol aconteceu aos 43 minutos do segundo tempo. O Vasco já comemorava. Você lembra da imagem do Eurico Miranda (ex-presidente), à beira do campo, fumando charuto?

Não me lembro, não olhei para trás. Só olhei para trás no momento da falta, que eu vi até um profissional que hoje está no Flamengo, que é o professor Isaías (Tinoco, gerente de futebol rubro-negro). Olhei para ele como se dissesse “esse não era o momento de fazer uma falta daquelas". Porque sabíamos da competência, da qualidade que eles tinham.

Faltou um pouco de malandragem?

Joel diz que os vascaínos poderiam ter atrapalhado Pet (Foto: Thiago Correia / GLOBOESPORTE.COM)

Faltou um pouco de experiência, não é nem malandragem
. Você agride a bola (os jogadores que estão na barreira costumam avançar). Mas isso você aprende no júnior, no juvenil. Quando chega ao profissional, não precisa nem avisar uma coisa como essa. É uma coisa normal. O árbitro contou a distância da falta, os 9,15 m da barreira, e ninguém tentou cortar um pouquinho o pensamento do jogador. Se um tenta agredir a bola, aí o árbitro vai mandar voltar. Depois um outro agride, ele vai dar cartão, mas que se dane! Se agride o time todo, ele não ia mandar repetir. Mas isso é futebol. Você ganha, empata ou perde. Você tem de saber ganhar, como já ganhei muitos títulos, e tem de saber perder. Perdemos porque faltou um detalhe no fim do jogo. Detalhe que nesse tipo de jogo não pode deixar faltar. E se faltar você vai perder de novo.

Houve alguma conversa no vestiário depois da derrota?

Não dá para falar, não tem conversa. É título, principalmente de um campeonato que nós corremos tão na frente. Nós viemos na frente o campeonato todo. Ali, no final, tivemos algumas situações de lesão. Na realidade, nós tivemos uma sequência de jogos em 15, 20 dias, muito dura. E nós perdemos duas competições, a Libertadores e o Campeonato Carioca. A Libertadores porque jogamos duas vezes contra o Boca (Juniors, da Argentina) e duas vezes contra o Flamengo. Nosso desgaste foi muito grande. Até ali, antes de chegarmos às decisões, a equipe estava muito boa. Mas nós perdemos o nosso principal jogador, que era o Romário. Ele teve uma contratura na perna num jogo que nós fizemos no Chile, pela Libertadores. E essa perda foi sentida porque ele era o artilheiro, era o finalizador, era o ídolo. E era como se fosse um coringa. Você não pode perder um coringa num jogo final. Mas é futebol. É assim. Já ganhei título aos 43 e perdi esse com gol aos 43 também. Futebol você ri e chora ao mesmo tempo. Mas só quem chega em tantas finais como eu cheguei tem condições de contar um jogo como esse, onde o Vasco tinha uma equipe muito boa e o Flamengo tinha uma equipe se reformulando muito boa também.

Lembra do jogo com frequência?

É mais um dos jogos que passam pela minha cabeça das decisões. É um dos jogos que vão fazer parte do meu livro também. Não vai ser só de vitórias, de oito cariocas conquistados. Este seria o nono. Com esse título, eu estaria como o líder absoluto de títulos nesse estado. Mas foi legal, foi um campeonato muito bacana.

Nós entrevistamos o Fabiano Eller, que foi quem cometeu a falta, e ele disse que consegue olhar para o gol e ver só um belíssimo lance. Você consegue ver essa beleza também?

O gol foi muito bem feito. Você vê nas imagens que a bola praticamente sai da direção do gol, pega um efeito e volta para dentro do gol. O Helton consegue ir nela, consegue esbarrar a ponta dos dedos na bola. Mas é uma precisão muito grande. É uma em cem que você acerta. E ele acertou. Só uma qualidade de um jogador como o Pet, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano. Opa! Esqueci desses dois jogadores. Olha só. Olha o nosso time, que time que era. Só um jogador assim teria competência de fazer um gol naquele momento. O cara tem que ter a precisão, é um tiro só, matar ou morrer. Ele matou e a gente morreu.

Aquela derrota encurtou sua passagem no Vasco naquele momento?

A derrota vai mostrar onde errou para melhorar. Seria mais um título dentro da minha carreira. Depois daquilo, conquistei outros em função daquele jogo. Aquele jogo marcou como qualquer outro marcaria. Temos de aprender que na vida a gente não vence tudo"Não sei. Um título é um título. Você não ganha todo dia. Você não bota sua fotografia dentro do estádio todos os dias. Só com título. Equipes se renovam a todo momento. Esse título estaria gravado lá nos murais do Vasco como todos os títulos que eu ganhei lá. Mercosul, Campeonato Brasileiro, Campeonato Carioca, campeonato invicto, Copa de Ouro.

O que você pode falar do Pet?

Um craque que nem precisa falar muito. Craque a gente não fala muito, sabe da competência do jogador. Jogador que não é bom a gente fica falando muito. Pet, Romário, Roberto (Dinamite) e muitos e muitos outros jogadores você não fala muito porque o nome já diz que ele é diferenciado. Ele é top de linha. Jogador mais ou menos a gente fica dando explicação.

Já conversou com ele sobre o gol?

Rapaz, encontrei com o Pet há três meses, dois meses, na casa de um amigo. Mas nós não falamos sobre isso não, cara. Falei com o árbitro do jogo uma vez, falei que não foi falta e perguntei o que o levou a deixar o lance correr e depois voltar a jogada. Ele falou que o Vasco, naquela oportunidade, parecia um time de anjo. Realmente aparece na imagem que a defesa não agrediu a bola. Se ela agride, o árbitro não mandaria voltar. Estava muito em cima para terminar o jogo. O time ficou muito correto, obedeceu muito a regra do jogo. Ali, claro que tem de obedecer, você tinha de ser desobediente. Jamais aconteceria esse lance com um time espanhol ou com um time italiano. Eles agrediriam a bola para mais de cinco metros para tirar a visão do batedor.

Vitórias definem a história de uma pessoa, mas as derrotas marcam de uma maneira importante. Nesses dez anos, acha que algo teria sido diferente na sua vida?

Às vezes, você aprende mais na derrota do que na vitória. Futebol é um jogo como outro qualquer. Tem que saber jogar o jogo. Às vezes, a vitória deixa você de tal maneira que não se preocupa com o futuro. A derrota vai mostrar onde errou para melhorar. Seria mais um título dentro da minha carreira. Depois daquilo, conquistei outros em função daquele jogo. Aquele jogo marcou como qualquer outro marcaria. Temos de aprender que na vida a gente não vence tudo. Claro que ninguém gosta de perder, também não gosto, principalmente num clássico. Como já passei pelos quatro clubes e já decidi por todos os clubes contra todo mundo. Olha só! Foi normal. Os oito títulos que ganhei não tenho preferência, ficaram gravados na minha vida como ficou esse que nós perdemos.

O treinador diz que a derrota trouxe muitos ensinamentos (Foto: Thiago Correia / GLOBOESPORTE.COM)Você tem saudade daquela época?

Tantas coisas se passaram na minha vida. Estou lembrando até de fatos que não lembrava mais. Quando foi aquilo?

Foi em 2001. Nem me lembro para onde fui em 2002, 2003. Eu sou um andarilho, sou um cigano, aí já passei por diversas equipes, já voltei no Vasco, já fui no Flamengo, já voltei no Fluminense, já fui no Botafogo, é muito difícil ficar lembrando de dez anos atrás. Tenho de parar e começar a narrar, ir lembrando o que aconteceu. Realmente foi um jogo diferenciado e talvez jamais eu esqueça.

Quando o time do Vasco foi dar a saída de bola, dá para ver que você não conseguiu falar nada para os jogadores. Tentou?

Não dá para falar nada. Acho que uns dois se jogaram no chão porque ninguém esperava tomar um gol naquele momento. Como vai falar mais alguma coisa faltando um minuto? Não tem condição.

Lembra de ter olhado para as arquibancadas do Maracanã? Lembra da reação das torcidas?

Tem coisas na vida que você não vê mais nada, não escuta mais nada. Fica quieto. Mesma coisa quando é campeão. Bate aquele lance na sua cabeça. Na maioria dos títulos fui para o vestiário. A ficha só vai cair no outro dia. A mesma coisa num jogo como aquele. A ficha não cai. Até cair demora um tempo. Mas não é por isso que o mundo acabou.

E quando caiu a ficha?

Não sei te explicar. Em dez anos muitas coisas aconteceram na minha vida. Vai ver que ela caiu e eu até esqueci. Foi embora, já era. A vida continua, cara. Não tenho de murmurar coisas que perdi. Temos de lembrar coisas que fazem bem. Você foi um grande infeliz fazendo essa matéria (risos). Você não se deu bem, cara. Você vai cortar isso daí, sei que você vai cortar (risos). Mas essa é a parte boa da matéria. Tinha tanta coisa para falar sobre mim. A ficha já era, já foi, acabou. Gosto de lembrar de coisa boa. Todo mundo se lembra de festa, ninguém se lembra de morte. Eu sou assim. Coisa ruim eu passo a borracha, deleto. Coisa boa eu lembro todo dia. Se você fosse falar dos meus títulos, eu ficaria com você dois dias. Mas você é alemão (gargalhadas). Mas a matéria foi legal, está tudo certo. Vamos que vamos. Não é por isso que você vai ser meu inimigo. Toca aqui!

Por Richard Souza e Thiago Correia
Rio de Janeiro

sábado, 21 de maio de 2011

ENTREVISTA COM "JURANDI JÚNIOR"!!!

JURANDI JÚNIOR (Superintendente de Futebol do Leão)

Formado em ciências contábeis pela UNIFOR, José Jurandi Junior (39 anos), iniciou sua carreira no Futebol Profissional, em 1996, na equipe do Uniclinic, após um convite do Presidente Vanor Cruz, prontamente atendido pelo mesmo. Atuou por cerca de 17 anos no Futsal cearense, nas equipes do Ideal Club, Diários, BNB, Seleção Cearense e outras. Atualmente exerce a função de Superintendente de Futebol do Fortaleza E.C, em que trabalhou de 1998 a 2004.

CONFIRA A ENTREVISTA

Em suas passagens, pelos clubes do futebol cearense, Jurandi Junior
conquistou títulos importantes como: Campeão Cearense pelo Fortaleza em 2000/2001/2003/2004; Vice-campeão Brasileiro da Série "B" pelo Fortaleza e conseqüentemente o acesso à Série "A"; Campeão Cearense pelo Ceará em 2006; Acesso à Série "A" em 2009, pelo Ceará, após 19 anos sem disputar o campeonato brasileiro da primeira divisão.

Em conversa com o Artilheiro.com.br, Jurandi relatou vários assuntos da sua vida profissional.

Confira a entrevista:

Artilheiro - Como despertou em você o desejo em trabalhar no futebol e quem o convidou?

- Jurandi Júnior – Era treinador amador do Uniclinic e em uma conversa com o presidente Vanor Cruz o mesmo me convidou para assumir a gerência de futebol do clube. Prontamente aceitei e em 1996 iniciei os trabalhos sendo presenteado pelo acesso do time à primeira divisão do campeonato cearense.

Artilheiro - Como você chegou ao Fortaleza e quem lhe convidou para trabalhar naquela agremiação?
- Jurandi Júnior – Em 1998 o então presidente Leonel Alencar assumiu o clube e me fez o convite para assumir a gerência de futebol lembrando que o time não conquistava um título há 05 anos e estava na terceira divisão do futebol brasileiro.

Artilheiro - Quais os principais problemas, dificuldades enfrentadas naquela fase ruim do Fortaleza quando você chegou?
- Jurandi Júnior – O clube se encontrava numa situação complicada, sem credibilidade, sem uma estrutura adequada para o trabalho e com questões internas totalmente desfavoráveis. Foi muito difícil aquela fase, porém, com muito trabalho conseguimos mudar as coisas.

Artilheiro - Você acredita que com a sua chegada ao Fortaleza, naquele momento difícil, possibilitou uma melhoria nas condições para que o clube saísse daquela situação?
- Jurandi Júnior – Na verdade foi um conjunto de coisas. O presidente Leonel Alencar soube aglutinar todas as alas existentes no clube, juntamente com todo grupo diretivo conseguiram iniciar uma reestruturação no clube. Ressalto também que na época existia um grupo forte que garantiu uma sustentação ao Fortaleza, composto por Ribamar Bezerra, Paulo Magalhães e João Quevedo. Lógico que também dei minha contribuição para que tudo corresse bem.

Artilheiro - Como você conseguiu toda essa abertura, contatos pelo futebol brasileiro, em outros clubes por aí afora, como você conquistou tudo isso?
- Jurandi Júnior – Tudo isso foi pelo fato de ter trabalhado nos dois maiores clubes do futebol cearense, buscando sempre conquistar a confiança dos profissionais do futebol brasileiro.

Artilheiro - Fale um pouco como você vê o momento do futebol cearense e brasileiro?
- Jurandi Júnior – Em relação ao futebol cearense observo que mesmo com todas as dificuldades continua crescendo, pelo fato também de termos no comando, das três maiores equipes do nosso futebol, pessoas sérias com visão futurística buscando defender suas instituições e procurando o crescimento em um todo. No cenário brasileiro vejo ainda uma desigualdade muito grande, prevalecendo muitas vezes à lei do mais forte.

Artilheiro - Você esteve há pouco tempo no futebol paulista. Porque você decidiu retornar ao futebol cearense e quem lhe convidou?
- Jurandi Júnior – Passei 80 dias no Botafogo-SP, dias de muito trabalho, que encontrei por lá. Aquela agremiação enfrenta muitas dificuldades, porém, em pouco tempo conseguimos implantar uma filosofia nova no futebol profissional, buscando valorizar o patrimônio do clube. Conseguimos agregar todos, presidente, diretoria, conselheiros e ai a coisa começou a fluir. Reformamos a recepção do estádio, criamos a academia do clube, sala de imprensa, departamento de futebol e departamento médico. O mais importante foi sem dúvidas a experiência adquirida fora do estado do Ceará e podermos plantar uma semente para colher no futuro. Meu retorno ao Fortaleza nasceu de um convite do então presidente Paulo Artur e do diretor de futebol Rochinha. Decidi voltar e apostar na força da torcida e do clube, além da saudade de meus familiares.

Artilheiro - Será que pode citar quais os clubes que você tem contatos, no cenário brasileiro, e os grandes amigos que fez no futebol?
- Jurandi Júnior – Realmente fiz muitos amigos no mundo do futebol e posso citar alguns que me vem à mente nesse momento: Mário Silvio, gerente de futebol do Vitória-BA; Gil, supervisor do Treze-PB; Felipe Ximenes, gerente de futebol do Coritiba-PR; Damiane, gerente de futebol do Atlético-PR; Anderson Barros, gerente de futebol do Botafogo-SP, dentre outros.

Artilheiro - Seu principal objetivo no momento dentro da sua função?
- Jurandi Júnior – Quero lembrar a princípio da importância de uma instituição e aqueles que abdicam família, negócios, amigos, enfim, em detrimento a uma paixão. Acredito ‘que a bola não entre por acaso’, somente colocando a instituição acima de tudo e todos. Deve-se buscar uma interação entre dirigentes, funcionários, atletas, comissão técnica, imprensa, torcida, etc. assim diminuiremos as dificuldades no futebol. Mais uma vez espero ser agraciado por Deus, com mais um acesso, pelo clube que me projetou no futebol.

Artilheiro – Sua perspectiva para esse ano no futebol e na sua profissão?
- Jurandi Júnior – Sei da responsabilidade que temos como profissional, mais tenho a convicção que o trabalho do presidente Osmar Baquit, com o apoio de todos, no final do ano de 2011, seremos reconhecido e conquistaremos nossos objetivos.

Artilheiro – Uma mensagem para todos os que militam no futebol, para as crianças e jovens que buscam um espaço no mundo futebolístico!
- Jurandi Júnior – Que todos tenham convicção e seus próprios conceitos. Procurem sempre ser justos, buscando a falar e viver a verdade. Que essa juventude acredite no futebol sabendo que tudo é possível. “A bola não entra por acaso”.

Everaldo Baima
19/05/2011