PERSONALIDADES DO ESPORTE

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

ENTREVISTA COM "JÚLIO SALLES" (Rádio Assunçao AM 620)!!!

Entrevista com Júlio Salles

Julio na cabine do Estádio Presidente Vargas
(Foto: Toni Mota)
A entrevista desta semana é com um dos ícones da imprensa esportiva do Norte-Nordeste. Júlio Salles, narrador da Rádio Assunção AM 620. Com 72 anos, “O de todos os esportes”, como é chamado, começou no rádio aos 13 anos de idade por curiosidade. Diz que vai narrar até quando Deus quiser e garante que ainda faz amor com a esposa. Júlio é pai de oito filhos, 15 netos e cinco bisnetos. Deixou seu querido Pará em 1962 para se tornar um dos mais conceituados narradores da história do rádio cearense.

Recentemente você foi convidado para trabalhar na Rádio Verdes Mares. Por que não aceitou?
Foi um convite do Roberto Moreira (Diretor de jornalismo da Rádio). Eu fui lá e nós conversamos. Mas eu estou muito bem na Rádio Assunção. Onde eu sou cabeça da cobra. Talvez, em outro lugar, eu seria o meio ou o rabo da cobra.

Você tem uma amizade muito forte com o dono da Rádio Assunção, o ex-deputado e hoje prefeito de Campos Sales, Moésio Loiola. Como surgiu essa amizade?
Desde que ele era menino. E olhe que ele já tá com a cabeça branquinha igual a minha. É uma amizade de mais de 35 anos. É uma amizade sólida. Pra eu deixar o Moésio, não seria por dinheiro. Só se fosse para o meu funeral.

Você vai narrar até quando?
Até quando Deus quiser. Até quando ele me der forças pra eu trabalhar, condições de eu enxergar, capacidade de eu discernir e saber separar a minha vontade que o Fortaleza sempre vença, do meu trabalho, eu continuarei trabalhando.

Como foi que começou essa paixão pelo rádio?
Por acaso. Estava passando de ônibus em Belém e parei em frente à Rádio Marajoara. Eu nem ouvia a Rádio Marajoara. Eu só ouvia a Rádio Clube do Pará. Aí, desci, naquela curiosidade de jovem, entrei e vi o Ronaldo Passarinho, que era meu vizinho e sobrinho do ex-governador e senador do Pará e ex-ministro do Governo Federal, o Coronel Jarbas Passarinho, participando. Eu nem sabia que o nome daquilo era microfone. Aí, eu pedi a ele uma carona, naquele tempo não era carona, eu pedi pra ele me levar até em casa. Ele disse tudo bem. No caminho, eu criei coragem e pedi a ele: “Ronaldo deixa eu falar naquele negócio”, o negócio era o microfone. No outro domingo, ele me levou, eu participei e de lá pra cá já são quase 60 anos de rádio.

Por que a identificação com o Fortaleza?
Porque eu nasci tricolor. A bandeira do meu Estado é vermelha com uma faixa branca e uma estrela azul. A bandeira do Pará. Eu já nasci mais tricolor, do que muitos tricolores cearenses.

O rádio abre as portas para muita coisa na vida. Uma delas é a política. Você já se candidatou alguma vez? 
Eu fui uma vez chamado pelo governador Gonzaga Mota pra ajudar o PTB. Só para botar meu nome como candidato. Mas eu não pude trabalhar. A rádio Uirapuru não autorizou. Eu apenas registrei minha candidatura. Depois tentei cancelar pra continuar trabalhando. Mas não consegui. Mas não fui atrás de voto. E mesmo assim tive 222 votos, sem pedir nenhum.

Como você analisa o governo Cid Gomes?
Maravilhoso. Ele pode até ser ruim com os funcionários públicos, como todos os governadores foram, porque sempre nos pagaram muito mal. No funcionalismo público do Estado do Ceará, do qual eu sou um aposentado, nós sempre ganhamos muito mal. Nem Tasso, nem Ciro, nem Cid, nem Gonzaga Mota, nem Virgílio Távora, nunca ninguém se preocupou em pagar melhor o funcionalismo público. Tirando isso, eu acho um espetáculo o governador Cid Gomes.

E o governo da Presidenta Dilma?
Olha... Pela condição de mulher, pelas pressões naturalmente que ela viria a sofrer por ser mulher, ela está fazendo um belo governo.

Com tanto tempo de carreira, quais as mudanças que mais impactaram no rádio esportivo?
Nós, tecnicamente, tivemos um avanço, uma subida fantástica, maravilhosa. Porém, em termos de material humano houve um decréscimo enorme.

Hoje tem o tubão e até o ouvidão, né?
O ouvidão é um crime, é uma palhaçada. O tubão é apenas uma acomodação das emissoras que ficam sem ter muita rentabilidade e fogem para esse tipo. Eu particularmente não gosto. Eu gosto é do estádio, junto com o torcedor. Sofrendo com o torcedor. Vendo aquilo que o torcedor vê. E não pela televisão que você só vê um pedacinho do campo.

Como você analisa o mercado de rádio esportivo hoje em Fortaleza?
A porta é ampla. O mercado é maravilhoso. Mas o problema é na hora de conquistar patrocinadores. Enquanto uma emissora oferece anúncios a 15 mil reais, outra aparece e oferece a 300 reais. Aí, fica muito difícil.

Diferentemente de outros centros como Rio de Janeiro, São Paulo e até Recife, o rádio esportivo na FM ainda não conseguiu emplacar aqui em Fortaleza. Por qual razão?
Porque aqui a cultura do nosso povo é diferente. Aqui, FM é só pra ouvir música. Era. Porque agora aqueles bichinhos que você bota no som do carro, ninguém quer mais ouvir FM. Você já leva toda sua discoteca ambulante.

Vamos falar um pouco de futebol. Ceará, Fortaleza e Icasa. Você acredita no acesso deles três?
Olha... Ceará, não. Icasa, não. Fortaleza, talvez.

E a Seleção Brasileira. Você acredita que dá pra ganhar a Copa?
Com Felipão, sim. Sem o Felipão, não.

Aliás, a Copa do Mundo aqui no Brasil vai trazer algum benefício...
Já está trazendo. Fortaleza está passando por uma metamorfose com várias avenidas sendo abertas, viadutos que a gente nem pensava, passagens subterrâneas que a gente nem imaginava, vários benefícios. Nós estamos sendo sacrificados, mas daqui a dois anos vamos dar graças a Deus pela Copa.

Você acha que a Voz do Brasil deveria acabar?
Não. A Voz do Brasil é noticiário oficial. Não devia era ter aquela obrigatoriedade de você perder uma hora, às 7 horas da noite, horário nobre. Poderia haver flexibilidade da emissora que tivesse interesse em bem informar os seus ouvintes. Porque ali, sai os documentos oficiais do governo. É algo importante. Só que essa obrigatoriedade eu não concordo. Como o horário eleitoral gratuito. Gratuito uma ova, porque alguém ganha com isso.

Qual sua opinião sobre maioridade penal. Deve ser reduzida?
Devia ser reduzida para 10 anos de idade.

Você concorda com o voto obrigatório?
Nada obrigado é bom. Mas o brasileiro é irresponsável. Se ele não tem obrigatoriedade de votar, meu amigo, as eleições iam ser apenas dois ou três por cento de votantes. O brasileiro é muito irresponsável. Só passa a ser responsável, quando mexe no bolso.

Quais seus seu momentos de alegria?
Quando o Fortaleza ganha. Quando tem dinheiro no bolso. Quando eu tô com minha saúde em plena forma. Quanto eu estou em plena paz com minha consciência e de bem com a vida.

O que você faz para manter a voz em perfeito estado?
Nada. Eu tomo água gelada, eu tomo guaraná gelado. Tudo que não é pra fazer (para cuidar bem da voz) eu faço. Deus me protege. Tudo que eu faço de errado pra minha garganta, Deus passa a mão e limpa.

Você é chamado de “o de todos os esportes”. Quais outros esportes você narrou?
Excetuando Rugby e o futebol americano, eu já narrei tudo. Natação, vôlei, basquete, futsal... Aliás, se você não sabe, eu sou tricampeão cearense como treinador de futebol de salão, campeão do norte-nordeste e vice-campeão da Copa Paulo Sarasate pelo glorioso Sumov Atlético Clube.

Como é chegar aos 72 anos, trabalhando todos os dias e com uma legião de fãs?
É coisa de Deus. Você pensa que eu me cuido? Eu vou caminhar na Beira-Mar, mais pela saúde da minha mulher, do que pela minha. Eu por mim ficava em casa dormindo. Eu acordo, depois tomo banho e tô bonzinho. Não bebo, não fumo. Mas ainda faço amor. E a mulher não se queixa, parece que ainda faço bem.

Pra fechar: um “bate-pronto’ pra você dizer suas preferências:

Carro?  O meu, Gol.
Jogador de futebol? O que sabe jogar.
Político?  Vários. Tasso Jereissati. O Ciro do passado. O Cid do presente.
Ator?  São tantos bons que seu eu disser um estarei sendo injusto. Sou fã de todos os atores e atrizes brasileiros. Acho os fantásticos.
Bebida?  Água
Comida?  Como todo bom brasileiro, aquela feijoadinha.
Filme?  Eu não vou muito ao cinema. Mas “E o Vento Levou” eu me lembro bem.
Livro?   Eu li todos os de Jorge Amado e todos os de Aluisio de Azevedo.
Novela? Roque santeiro
Narrador Esportivo? São vários. Mas fico com Edyr Proença (já falecido) da Rádio Clube do Pará
Apresentador (a) de TV?  Fernando Vannucci
Repórter Esportivo?  Todos com quem trabalho aqui na Rádio Assunção.
Lugar inesquecível?  Não posso dizer. Guardo só comigo essa lembrança.
Lugar pra conhecer?  O Japão
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

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