PERSONALIDADES DO ESPORTE

terça-feira, 26 de julho de 2011

PELÉ SERÁ EMBAIXADOR DO BRASIL NA COPA 2014!!!

Pelé será embaixador do Brasil na Copa 2014

Dilma Rousseff recebeu Pelé em Brasília (Foto: Uslei Marcelino/Reuters)

Ministro do Esporte revela convite de presidente Dilma Rousseff ao Rei do futebol

O Rei Pelé será o embaixador do Brasil na Copa do Mundo de 2014
. A informação foi dada pelo Ministro do Esporte, Orlando Silva, na tarde desta terça-feira, através de seu Twitter.

Segundo Orlando Silva, o convite foi feito pela presidente Dilma Rousseff, que até já assinou o documento oficial.

"A Presidenta convidou e Pele aceitou ser Embaixador do Brasil para a Copa do Mundo Fifa 2014. O decreto foi assinado agora."

LANCEPRESS!
Publicada em 26/07/2011
Brasília (DF)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

FERDINANDO TEIXEIRA: "Quero qualidade de vida"!!!

Depois de quase cinco décadas dentro do futebol, Ferdinando Teixeira anunciou na manhã de ontem, sua aposentadoria.

Ferdinando Teixeira se aposenta no futebol

Os motivos alegados por ele, foram a saudade da família, que ficou em Natal,
as divergências com empresários de futebol e a distância dos seus empreendimentos na capital potiguar.

Com 12 títulos de campeão potiguar, dois no campeonato cearense, além de acessos por ABC, América e Fortaleza, para as séries "A"e "B" do Brasileiro, Teixeira é um dos técnicos mais vitoriosos do futebol nordestino. O sua despedida acontece amanhã, na partida contra o América, pela segunda rodada da série "C" do Brasileiro.

Ferdinando afirma: - Sei que tinha uma parte dos dirigentes que não me queriam aqui

O senhor deixa apenas o Fortaleza ou está realmente se aposentando?

- Então, estou mesmo saindo do futebol. Tinha o pensamento de trabalhar até os 65 anos e já passei dessa idade. O organismo já não reage da mesma forma, aos stresses e eu sou um cara muito sério dentro das minhas coisas. Agradeço a torcida, aos dirigentes, aos jogadores, aos funcionários do clube. Sei que tinham algumas pessoas que não queriam que eu ficasse aqui, já que não sou muito simpático. Mas, faz parte. A gente sente que há cisões dentro do clube. Não há união por completo. Tem vaidades que precisam ser administradas, ciúmes e isso tudo precisa ser administrado para poder se ter tranquilidade para trabalhar.

A distância da família pesou para essa sua decisão?
- Eles não podem mais me acompanhar e isso tem me feito muita falta. Estava decidido em acelerar o processo de aposentadoria. Nunca tinha tido problema de saúde e tive logo após a derrota para o CRB, na estreia da série "C". Foi um aviso do organismo. Agora vou me cuidar, buscar qualidade de vida junto a minha família.

Por que você não pensou na distância da família antes de assumir o Fortaleza?
- Você não sente o problema antes dele surgir. Sei que tinha uma parte dos dirigentes que não me queriam aqui. Mas, o mais decisivo foi esse problema de saúde que tive durante a semana. Nunca tinha tudo isso antes.

Essa sua decisão não seria uma forma de antecipar uma possível demissão, caso não vencesse o América?
- Não. Lá na frente pode acontecer essa derrota, mas iremos no classificar. Tenho certeza que esse grupo aqui formado tem amplas condições de brigar pelo acesso.

Sente-se realizado na sua carreira como treinador?
- Conquistei quase tudo que disputei no futebol, por isso mesmo me sinto realizado naquilo que fiz e que faço. Aqui no Fortaleza, assim como acontece em Natal, também existem aqueles empresários de jogadores que querem a todo custo colocar os seus no clube, e não aceito isso em hipótese alguma.

Tribuna do Norte de Natal
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

MARCELO VILAR E SUA HISTÓRIA NO FUTEBOL!!!

MARCELO VILAR E TODA SUA HISTÓRIA NO FUTEBOL

Marcelo Vilar e Lima Lopes, mais conhecido como Marcelo Vilar (Fortaleza, 13 de maio de 1961) é um treinador de futebol do Brasil, está no Treze/PB.

Em 2006, era técnico do S.E. Palmeiras. Marcelo é pós-graduado na Universidade de São Paulo e formado em Educação Física.

Marcelo Vilar iniciou sua carreira de treinador em 1984. Em 1996
ele comandou sua primeira equipe profissionalmente, o Itapipoca do Ceará. Em 1997 foi para o Ceará, onde conquistou o título estadual. Também foi campeão da Copa São Paulo de Juniores no ano de 2001, com o extinto "Roma Barueri" (atual "Grêmio Recreativo Barueri").

Títulos
Campeonato Cearense: 1997 - Ceará
Campeonato Cearense (2ª divisão): 1998 - Itapipoca/CE
Campeonato Cearense: 1999 - Ceará
Copa São Paulo de Futebol Júnior: 2001 - Roma/PR
Copa Paraíba: 2009 - Treze/PB
Campeonato Paraibano de Futebol: 2010 - Treze/PB

Obs.: Marcelo Vilar começou a Série "D" como técnico do Treze/PB com vitória. Veja a súmula da última partida de Marcelo Vilar como comandante do alvinegro da Borborema

FICHA TÉCNICA
Campeonato Brasileiro da Série "D"

Estádio Governador Ernani Sátyro “O Amigão"

TREZE 2 X 0 VITÓRIA DA CONQUISTA

TREZE/PB: Carlos, Ferreira, Anderson, Saulo, Célico; Leomir (Du), Fernando Pires, Doda (Tigrão), Danilo Gomes (Chapinha); Cléo e Warley.
- Técnico: Marcelo Vilar.

VITÓRIA DA CONQUISTA/BA: Vandré, Zé Leandro, Lúcio, Rodrigo, Tiaguinho; Junior Gaúcho, Edmar, Lídio, Jorginho (Mailson); Danilo (Tanaka) e Kaká (Daniel).
- Técnico: Guilhermino Lima.

Árbitro: Gilberto Rodrigues Castro Júnior
Assistente 01: Márcio Freire
Assistente 02: Broney Machado

sexta-feira, 3 de junho de 2011

"DEPOIS DE MIM, RONALDO FOI O MELHOR"!!!

No hotel da Seleção, Romário avisa: "Depois de mim, Ronaldo foi o melhor"
- Baixinho passa uma noite na concentração do time canarinho, mas não vai ficar para assistir ao duelo contra a Holanda, no sábado, no Serra Dourada

Romário (Foto) no hotel da Seleção Brasileira (Foto: Márcio Iannacca / Globoesporte.com)

O ex-jogador e deputado federal Romário se hospedou no mesmo hotel da Seleção Brasileira, em Goiânia. O Baixinho foi a Goiás para participar de um evento em Rubiataba
, cidade que fica a 220 km da capital. Após as festividade, que aconteceram na noite de quinta-feira, ele seguiu para a concentração e passou a noite no local. O parlamentar retorna para Brasília nesta sexta-feira.

Na saída, o Baixinho aproveitou para elogiar a iniciativa da CBF de fazer uma despedida para o Fenômeno, na próxima terça-feira, contra a Romênia, no Pacaembu, em São Paulo. Porém, não deixou de mostrar o estilo irreverente que marcou sua carreira.

- Ronaldo merece muito mais do que isso. É um dos maiores jogadores da história do futebol mundial. Fez muito pela Seleção Brasileira, mas sempre lembrando que, depois de mim, foi o melhor que eu vi jogador - afirmou o jogador.

O evento foi organizado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e contou com a presença de Túlio Maravilha e do ex-boxeador Popó. Em Rubiataba, Romário criticou os gastos excessivos do governo para a Copa do Mundo de 2014.

Na próxima segunda-feira, Romário vai seguir para Belo Horizonte para participar do fórum legislativo
que vai discutir os investimentos do Brasil na Copa do Mundo.

Abaixo confira os principais trechos da entrevista de Romário em Goiânia:

GLOBOESPORTE.COM: Veio a Goiânia para ver a Seleção Brasileira?

- ROMÁRIO: estou aqui por acaso, vim para um jogo beneficente aqui perto.

Trabalhos sociais?
- Minha bandeira na política é para crianças e jovens carentes. Drogas invadiram nosso país, e o esporte é a maior ferramenta de inclusão social. E no mínimo fazer que jovens saiam dessa vida que é uma vida muito ruim. Para quem não tem noção, essa nova droga, o oxi, tem ingredientes como vidro moído e querosene. Dependendo do usuário, de quantas vezes usa, pode chegar à morte rapidamente.

O torcedor tem que se orgulhar de ele ser brasileiro, maior artilheiro das Copas, tem que ser sempre respeitado "RomárioE o que espera do confronto contra a Holanda, no sábado, aqui no Serra Dourada?
- Vai ser um grande jogo, primeira vez que enfrenta o time que tirou o Brasil da última Copa. vai ser sempre um dos maiores clássicos do futebol mundial. Eu tenho uma coisa especial nesse jogo, tive o prazer de jogar na Holanda, comecei minha carreira internacional pela Holanda, pelo PSV. É um dos grandes times do futebol mundial, vai ser um grande jogo. Vou torcer pelo Brasil, mas se fosse outro adversário, seria para a Holanda.

A Laranja te marcou muito?
- Se eu não fosse brasileiro, eu torceria pela Holanda. Infelizmente eliminou o Brasil, mas fiquei muito feliz que a Holanda chegou à final, de um país que tambem joguei.

E a Copa de 1994?
- O de 94 foi o mais emocionante, para nós jogadores e milhões de brasileiros. Fizemos 2 a 0, eles empataram. Por sorte eu tive reflexo de desviar daquela bola do Branco. Se ela bate em mim eu não estaria aqui agora, por causa da força da bola. Depois daquele jogo conseguimos ser campeões e entrar na história.

Em 1997, o Ronaldo estreou na Seleção ao seu lado. Guarda boas lembranças?
- Sempre ótimas lembranças. A gente vai ver a despedida de um dos maiores da historia do futebol mundial, um jogador que o torcedor tem que se orgulhar de ele ser brasileiro, maior artilheiro das Copas, tem que ser sempre respeitado. Parabéns à CBF por fazer essa despedida, que é muito importante. E dizer para o Ronaldo que ele tenha agora na vida o mesmo sucesso que teve como jogador. Depois de mim, com certeza ele foi o melhor.

É difícil saber a hora de encerrar a carreira?
- Quem me conhece, quem conviveu comigo, eu comecei a entender que um dia isso ia acontecer, e da minha maneira comecei a me preparar para isso. Os primeiros seis meses foi um pouco difícil. Mas quando chega a idade de parar, eu graaças a deus parei... eu ainda poderia ter continuado, mas foi na hora que eu achei que tinha que parar. Aproveitei bem a minha carreira.

O que acha da Seleção Brasileira atual?
- Hoje é um Brasil diferente de alguns anos atrás, esses dois nomes (Neymar e Ganso) são os principais que temos aí, junto com o Luicas do São Paulo. Acredito no trabalho do Mano na seleção. Seriedade na renovação, colocando os melhores do momento... Tem convocado os melhores, se continuar esse trabalho a gente vai estar preparado pra dar outro título ao Brasil.

E quem é o "novo Romário"?
- Eu acredito que se continuar nessa crescente, posso apostar as fichas no Neymar, Ganso, Lucas. Até lá (2014) vão aparecer outros. A cada dia aparece um talento novo. Vai ser difícil um novo Romario, um novo Ronaldo. Quero falar que foi uma grande honra, um prazer ter jogado ao lado do Ronaldo, o nome dele está marcado na história. Eu afirmo para vocês todos: depois de mim, ele foi o melhor de todos.

E o desempenho de Messi no Barcelona?
- Eu acredito que um jogador para se firmar tem a obrigação de ter uma grande participação na Copa do Mundo. Mas no momento temos que respeita-lo, é o melhor do mundo.

Messi ou Pelé?
- Futebol tem essas coisas, sempre que aparece alguém diferente a tendência é que façam a comparação ao maior de todos, que foi o Pelé. O Messi é o melhor do mundo, tem demonstrado isso, chegar a ser o Pelé é quase impossível. Para passar pelo Maradona, ele precisa fazer um grande mundal e se possível ganhar. A partir daí dá para dizer que é do nível do Maradona.

Convite a Ricardo Teixeira para falar no Congresso sobre a Copa 2014
- O meu convite é mais direcionado sobre a Copa do Mundo. Ele é presidente do COL (Comitê Organizador Local) e tem que responder por isso. Eu acho uma coisa absurda o que vem acontecendo de um ano e meio para cá, esses aumentos absurdos, principalmente nos estádios. Há um ano e meio o estádio estava orçado em 100 milhões, hoje está em 300 milhões.

Por Leandro Canônico e Márcio Iannacca
Direto de Goiânia, GO

sábado, 28 de maio de 2011

A DERROTA INESQUECÍVEL!!!

A derrota inesquecível de Joel: "Meu time era muito melhor que o do Flamengo"
- Técnico do Vasco no Carioca de 2001 se rende ao talento de Pet: "Só um jogador assim teria competência de fazer um gol naquele momento"

Joel Santana (Foto) não esconde que a derrota de 2001 o marcou - Foto: Thiago Correia / GLOBOESPORTE.COM

Joel Santana chega apressado à entrevista e com hora para sair por conta de outro compromisso. Deixa o telefone celular no silencioso, ajuda a equipe a colocar o microfone, senta-se e abusa da irreverência. As duas primeiras perguntas da conversa, num restaurante bem perto da praia da Copacabana, na Zona Sul, são dele. A resposta também.

- Vamos falar sobre o quê? Sobre Pet? Ele é meu amigo, mas não vou jogar confete para ele, não.

Se Zagallo se arrepia ao falar do dia 27 de maio de 2001, Joel
tem calafrios imunes aos 62 anos de idade, três décadas como treinador e oito títulos cariocas, além de um nacional e internacional com o Vasco. Não fosse o gol de Petkovic, seriam nove conquistas estaduais.

- Não preciso assistir. Aquele lance está aqui (aponta para a cabeça)
- disse o comandante vascaíno naquela época, ao se recusar a rever a jogada que deu o tricampeonato ao Flamengo do Velho Lobo.

Convencido pela reportagem, Joel, atualmente sem clube,
enxerga um Joel mais magro na tela do computador. Já vitorioso, dez anos mais moço, expressão sisuda à beira do gramado do Macaranã. Chateado mesmo, quase com cara de choro. Aquela falta, aqueles 43 minutos do segundo tempo, aquela derrota... nem a prancheta nervosa - como ele diz - evitaria.

- Quando o árbitro marca a falta naquele momento do jogo (assista ao vídeo ao lado), e o Flamengo com um batedor como o Pet, você não gosta de um lance de frente para a área para um jogador daquela qualidade. Só numa falta batida com aquela competência e com aquela qualidade é que poderia sair um gol. Como saiu.

Um lance marcante mesmo para quem tem tanta história para contar. Mais um dentre tantos que contrariam a lógica.

- Meu time era muito melhor que o do Flamengo. Pelo que me lembro, tinha Romário, Euller, Viola, tinha Pedrinho, tinha Jorginho. Tinha Juninho Paulista, Juninho Pernambucano. Olha só! Estava esquecendo esses dois jogadores. A nossa campanha, a nossa vantagem era muito grande - analisou Joel, cometendo equívoco apenas na escalação de Juninho Pernambucano, que já havia deixado o clube.

Depois da vitória do seu time na primeira partida da final, por 2 a 1, a derrota pelo mesmo placar levaria o título para São Januário. Pet estabeleceu o 3 a 1. A vantagem não resistiu ao talento do sérvio, algo que o treinador faz questão de ressaltar.

- Sobre Pet, Romário, Roberto (Dinamite) e muitos e muitos outros jogadores, você não fala muito porque o nome já diz que são diferenciados. Ele é top de linha. Para jogador mais ou menos é que a gente fica dando explicação.

Confira abaixo a íntegra da entrevista.

Revendo o lance, uma das imagens antes da cobrança é a sua expressão chateada pela marcação da falta. Era um momento em que dava para ter parado o jogo no meio-campo, não precisava ter deixado a bola chegar tão perto da área?


É muito fácil falar depois de vários anos, arrumar algum tipo de desculpa, algum tipo de defeito. Algumas coisas no futebol acontecem ali na hora. Eu nem achei que foi falta assim. Mas foi questão da arbitragem, e ele (o ex-árbitro Léo Feldman) deixou o lance correr. O lance seguiu com um córner que nós fizemos e não sabíamos se era córner ou falta. Quando ele marca a falta naquele momento do jogo, e o Flamengo com um batedor como o Pet, você não gosta de um lance de frente para a área para um jogador daquela qualidade. Apesar de que, minutos antes, ele tinha pedido para sair. Ele e um outro jogador, não me lembro quem foi, que estava com o joelho inchado. E o Pet com muita cãibra. Aí o preparador físico tirou o outro jogador. Ele permaneceu. Pela distância da bola e pelo goleiro que tínhamos, que é um baita de um goleiro, o Helton, que está lá no Porto agarrando muito, só numa falta batida com aquela competência e com aquela qualidade é que poderia sair um gol. Como saiu. Foi um lance de pura qualidade técnica de um jogador que resolveu um clássico. Foi um jogo atípico, porque no primeiro tempo jogamos muito bem, mas deixamos criar uma jogada que era a única que poderia sair o gol naquela altura dos acontecimentos.

Seu time era melhor que o do Flamengo?

Meu time era muito melhor que o do Flamengo. Pelo que me lembro, tinha Romário, Euller, Viola, tinha Pedrinho, tinha Jorginho. A nossa campanha, a nossa vantagem era muito grande. Realmente, se você colocasse no papel, o time do Flamengo era muito novo. O Juan (zagueiro, hoje no Roma) estava na primeira decisão, que é um jogador que eu conheço muito bem. Tem tanta qualidade que foi a duas Copas do Mundo (2006 e 2010). O Fernando estava chegando. O Julinho (Julio César, goleiro do Inter de Milão) estava começando. Olha a qualidade dos jogadores. Hoje, todos em grandes equipes, todos em Seleção Brasileira. Jogadores que estavam crescendo, que eu comecei a lançar quando estive no Flamengo. Sabia da qualidade e da competência desses jogadores. Não abrir a vantagem no primeiro tempo deu ao adversário condições de ele lutar pelo jogo até o fim.

Como foi a conversa com o time antes do jogo?

Depois do nosso primeiro tempo, entramos reclamando muito no vestiário, pela quantidade de gols que perdemos. E sabemos que em clássico você não pode perder tantos gols. E no segundo tempo foi um jogo lá e cá. Antes desse lance do gol, tivemos uma oportunidade muito mais clara e não conseguimos fazer. Era jogo de um detalhe. E em um detalhe o Pet foi lá e matou o jogo"Joel SantanaO time estava tranquilo. Nós vínhamos fazendo uma campanha de Libertadores e de Campeonato Carioca muito boa. Depois do nosso primeiro tempo, entramos reclamando muito no vestiário, pela quantidade de gols que nós perdemos. E nós sabemos que em clássico você não pode perder tantos gols. E no segundo tempo foi um jogo lá e cá, lá e cá. Antes desse lance do gol, nós tivemos uma oportunidade muito mais clara e não conseguimos fazer. Era jogo de um detalhe. E em um detalhe o Pet foi lá e matou o jogo.

O fato de o Vasco ter perdido os dois campeonatos anteriores fez o grupo entrar sob uma pressão maior?
O time era muito maduro, cara. Nosso time era frio. Fomos o clube que ganhou mais jogos seguidos na Libertadores daquele ano. Foram oito jogos seguidos. O time era maduro, plantado, postado. Time que sabia o que queria em campo, tinha maneira de jogar, nossas mexidas eram certas. Infelizmente no futebol o resultado final é o que conta. Era um time muito bom. Talvez um dos melhores times em termos de jogadores que eu trabalhei. Era muito compacto. Mas naquele jogo o Flamengo foi mais feliz.

O gol aconteceu aos 43 minutos do segundo tempo. O Vasco já comemorava. Você lembra da imagem do Eurico Miranda (ex-presidente), à beira do campo, fumando charuto?

Não me lembro, não olhei para trás. Só olhei para trás no momento da falta, que eu vi até um profissional que hoje está no Flamengo, que é o professor Isaías (Tinoco, gerente de futebol rubro-negro). Olhei para ele como se dissesse “esse não era o momento de fazer uma falta daquelas". Porque sabíamos da competência, da qualidade que eles tinham.

Faltou um pouco de malandragem?

Joel diz que os vascaínos poderiam ter atrapalhado Pet (Foto: Thiago Correia / GLOBOESPORTE.COM)

Faltou um pouco de experiência, não é nem malandragem
. Você agride a bola (os jogadores que estão na barreira costumam avançar). Mas isso você aprende no júnior, no juvenil. Quando chega ao profissional, não precisa nem avisar uma coisa como essa. É uma coisa normal. O árbitro contou a distância da falta, os 9,15 m da barreira, e ninguém tentou cortar um pouquinho o pensamento do jogador. Se um tenta agredir a bola, aí o árbitro vai mandar voltar. Depois um outro agride, ele vai dar cartão, mas que se dane! Se agride o time todo, ele não ia mandar repetir. Mas isso é futebol. Você ganha, empata ou perde. Você tem de saber ganhar, como já ganhei muitos títulos, e tem de saber perder. Perdemos porque faltou um detalhe no fim do jogo. Detalhe que nesse tipo de jogo não pode deixar faltar. E se faltar você vai perder de novo.

Houve alguma conversa no vestiário depois da derrota?

Não dá para falar, não tem conversa. É título, principalmente de um campeonato que nós corremos tão na frente. Nós viemos na frente o campeonato todo. Ali, no final, tivemos algumas situações de lesão. Na realidade, nós tivemos uma sequência de jogos em 15, 20 dias, muito dura. E nós perdemos duas competições, a Libertadores e o Campeonato Carioca. A Libertadores porque jogamos duas vezes contra o Boca (Juniors, da Argentina) e duas vezes contra o Flamengo. Nosso desgaste foi muito grande. Até ali, antes de chegarmos às decisões, a equipe estava muito boa. Mas nós perdemos o nosso principal jogador, que era o Romário. Ele teve uma contratura na perna num jogo que nós fizemos no Chile, pela Libertadores. E essa perda foi sentida porque ele era o artilheiro, era o finalizador, era o ídolo. E era como se fosse um coringa. Você não pode perder um coringa num jogo final. Mas é futebol. É assim. Já ganhei título aos 43 e perdi esse com gol aos 43 também. Futebol você ri e chora ao mesmo tempo. Mas só quem chega em tantas finais como eu cheguei tem condições de contar um jogo como esse, onde o Vasco tinha uma equipe muito boa e o Flamengo tinha uma equipe se reformulando muito boa também.

Lembra do jogo com frequência?

É mais um dos jogos que passam pela minha cabeça das decisões. É um dos jogos que vão fazer parte do meu livro também. Não vai ser só de vitórias, de oito cariocas conquistados. Este seria o nono. Com esse título, eu estaria como o líder absoluto de títulos nesse estado. Mas foi legal, foi um campeonato muito bacana.

Nós entrevistamos o Fabiano Eller, que foi quem cometeu a falta, e ele disse que consegue olhar para o gol e ver só um belíssimo lance. Você consegue ver essa beleza também?

O gol foi muito bem feito. Você vê nas imagens que a bola praticamente sai da direção do gol, pega um efeito e volta para dentro do gol. O Helton consegue ir nela, consegue esbarrar a ponta dos dedos na bola. Mas é uma precisão muito grande. É uma em cem que você acerta. E ele acertou. Só uma qualidade de um jogador como o Pet, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano. Opa! Esqueci desses dois jogadores. Olha só. Olha o nosso time, que time que era. Só um jogador assim teria competência de fazer um gol naquele momento. O cara tem que ter a precisão, é um tiro só, matar ou morrer. Ele matou e a gente morreu.

Aquela derrota encurtou sua passagem no Vasco naquele momento?

A derrota vai mostrar onde errou para melhorar. Seria mais um título dentro da minha carreira. Depois daquilo, conquistei outros em função daquele jogo. Aquele jogo marcou como qualquer outro marcaria. Temos de aprender que na vida a gente não vence tudo"Não sei. Um título é um título. Você não ganha todo dia. Você não bota sua fotografia dentro do estádio todos os dias. Só com título. Equipes se renovam a todo momento. Esse título estaria gravado lá nos murais do Vasco como todos os títulos que eu ganhei lá. Mercosul, Campeonato Brasileiro, Campeonato Carioca, campeonato invicto, Copa de Ouro.

O que você pode falar do Pet?

Um craque que nem precisa falar muito. Craque a gente não fala muito, sabe da competência do jogador. Jogador que não é bom a gente fica falando muito. Pet, Romário, Roberto (Dinamite) e muitos e muitos outros jogadores você não fala muito porque o nome já diz que ele é diferenciado. Ele é top de linha. Jogador mais ou menos a gente fica dando explicação.

Já conversou com ele sobre o gol?

Rapaz, encontrei com o Pet há três meses, dois meses, na casa de um amigo. Mas nós não falamos sobre isso não, cara. Falei com o árbitro do jogo uma vez, falei que não foi falta e perguntei o que o levou a deixar o lance correr e depois voltar a jogada. Ele falou que o Vasco, naquela oportunidade, parecia um time de anjo. Realmente aparece na imagem que a defesa não agrediu a bola. Se ela agride, o árbitro não mandaria voltar. Estava muito em cima para terminar o jogo. O time ficou muito correto, obedeceu muito a regra do jogo. Ali, claro que tem de obedecer, você tinha de ser desobediente. Jamais aconteceria esse lance com um time espanhol ou com um time italiano. Eles agrediriam a bola para mais de cinco metros para tirar a visão do batedor.

Vitórias definem a história de uma pessoa, mas as derrotas marcam de uma maneira importante. Nesses dez anos, acha que algo teria sido diferente na sua vida?

Às vezes, você aprende mais na derrota do que na vitória. Futebol é um jogo como outro qualquer. Tem que saber jogar o jogo. Às vezes, a vitória deixa você de tal maneira que não se preocupa com o futuro. A derrota vai mostrar onde errou para melhorar. Seria mais um título dentro da minha carreira. Depois daquilo, conquistei outros em função daquele jogo. Aquele jogo marcou como qualquer outro marcaria. Temos de aprender que na vida a gente não vence tudo. Claro que ninguém gosta de perder, também não gosto, principalmente num clássico. Como já passei pelos quatro clubes e já decidi por todos os clubes contra todo mundo. Olha só! Foi normal. Os oito títulos que ganhei não tenho preferência, ficaram gravados na minha vida como ficou esse que nós perdemos.

O treinador diz que a derrota trouxe muitos ensinamentos (Foto: Thiago Correia / GLOBOESPORTE.COM)Você tem saudade daquela época?

Tantas coisas se passaram na minha vida. Estou lembrando até de fatos que não lembrava mais. Quando foi aquilo?

Foi em 2001. Nem me lembro para onde fui em 2002, 2003. Eu sou um andarilho, sou um cigano, aí já passei por diversas equipes, já voltei no Vasco, já fui no Flamengo, já voltei no Fluminense, já fui no Botafogo, é muito difícil ficar lembrando de dez anos atrás. Tenho de parar e começar a narrar, ir lembrando o que aconteceu. Realmente foi um jogo diferenciado e talvez jamais eu esqueça.

Quando o time do Vasco foi dar a saída de bola, dá para ver que você não conseguiu falar nada para os jogadores. Tentou?

Não dá para falar nada. Acho que uns dois se jogaram no chão porque ninguém esperava tomar um gol naquele momento. Como vai falar mais alguma coisa faltando um minuto? Não tem condição.

Lembra de ter olhado para as arquibancadas do Maracanã? Lembra da reação das torcidas?

Tem coisas na vida que você não vê mais nada, não escuta mais nada. Fica quieto. Mesma coisa quando é campeão. Bate aquele lance na sua cabeça. Na maioria dos títulos fui para o vestiário. A ficha só vai cair no outro dia. A mesma coisa num jogo como aquele. A ficha não cai. Até cair demora um tempo. Mas não é por isso que o mundo acabou.

E quando caiu a ficha?

Não sei te explicar. Em dez anos muitas coisas aconteceram na minha vida. Vai ver que ela caiu e eu até esqueci. Foi embora, já era. A vida continua, cara. Não tenho de murmurar coisas que perdi. Temos de lembrar coisas que fazem bem. Você foi um grande infeliz fazendo essa matéria (risos). Você não se deu bem, cara. Você vai cortar isso daí, sei que você vai cortar (risos). Mas essa é a parte boa da matéria. Tinha tanta coisa para falar sobre mim. A ficha já era, já foi, acabou. Gosto de lembrar de coisa boa. Todo mundo se lembra de festa, ninguém se lembra de morte. Eu sou assim. Coisa ruim eu passo a borracha, deleto. Coisa boa eu lembro todo dia. Se você fosse falar dos meus títulos, eu ficaria com você dois dias. Mas você é alemão (gargalhadas). Mas a matéria foi legal, está tudo certo. Vamos que vamos. Não é por isso que você vai ser meu inimigo. Toca aqui!

Por Richard Souza e Thiago Correia
Rio de Janeiro

sábado, 21 de maio de 2011

ENTREVISTA COM "JURANDI JÚNIOR"!!!

JURANDI JÚNIOR (Superintendente de Futebol do Leão)

Formado em ciências contábeis pela UNIFOR, José Jurandi Junior (39 anos), iniciou sua carreira no Futebol Profissional, em 1996, na equipe do Uniclinic, após um convite do Presidente Vanor Cruz, prontamente atendido pelo mesmo. Atuou por cerca de 17 anos no Futsal cearense, nas equipes do Ideal Club, Diários, BNB, Seleção Cearense e outras. Atualmente exerce a função de Superintendente de Futebol do Fortaleza E.C, em que trabalhou de 1998 a 2004.

CONFIRA A ENTREVISTA

Em suas passagens, pelos clubes do futebol cearense, Jurandi Junior
conquistou títulos importantes como: Campeão Cearense pelo Fortaleza em 2000/2001/2003/2004; Vice-campeão Brasileiro da Série "B" pelo Fortaleza e conseqüentemente o acesso à Série "A"; Campeão Cearense pelo Ceará em 2006; Acesso à Série "A" em 2009, pelo Ceará, após 19 anos sem disputar o campeonato brasileiro da primeira divisão.

Em conversa com o Artilheiro.com.br, Jurandi relatou vários assuntos da sua vida profissional.

Confira a entrevista:

Artilheiro - Como despertou em você o desejo em trabalhar no futebol e quem o convidou?

- Jurandi Júnior – Era treinador amador do Uniclinic e em uma conversa com o presidente Vanor Cruz o mesmo me convidou para assumir a gerência de futebol do clube. Prontamente aceitei e em 1996 iniciei os trabalhos sendo presenteado pelo acesso do time à primeira divisão do campeonato cearense.

Artilheiro - Como você chegou ao Fortaleza e quem lhe convidou para trabalhar naquela agremiação?
- Jurandi Júnior – Em 1998 o então presidente Leonel Alencar assumiu o clube e me fez o convite para assumir a gerência de futebol lembrando que o time não conquistava um título há 05 anos e estava na terceira divisão do futebol brasileiro.

Artilheiro - Quais os principais problemas, dificuldades enfrentadas naquela fase ruim do Fortaleza quando você chegou?
- Jurandi Júnior – O clube se encontrava numa situação complicada, sem credibilidade, sem uma estrutura adequada para o trabalho e com questões internas totalmente desfavoráveis. Foi muito difícil aquela fase, porém, com muito trabalho conseguimos mudar as coisas.

Artilheiro - Você acredita que com a sua chegada ao Fortaleza, naquele momento difícil, possibilitou uma melhoria nas condições para que o clube saísse daquela situação?
- Jurandi Júnior – Na verdade foi um conjunto de coisas. O presidente Leonel Alencar soube aglutinar todas as alas existentes no clube, juntamente com todo grupo diretivo conseguiram iniciar uma reestruturação no clube. Ressalto também que na época existia um grupo forte que garantiu uma sustentação ao Fortaleza, composto por Ribamar Bezerra, Paulo Magalhães e João Quevedo. Lógico que também dei minha contribuição para que tudo corresse bem.

Artilheiro - Como você conseguiu toda essa abertura, contatos pelo futebol brasileiro, em outros clubes por aí afora, como você conquistou tudo isso?
- Jurandi Júnior – Tudo isso foi pelo fato de ter trabalhado nos dois maiores clubes do futebol cearense, buscando sempre conquistar a confiança dos profissionais do futebol brasileiro.

Artilheiro - Fale um pouco como você vê o momento do futebol cearense e brasileiro?
- Jurandi Júnior – Em relação ao futebol cearense observo que mesmo com todas as dificuldades continua crescendo, pelo fato também de termos no comando, das três maiores equipes do nosso futebol, pessoas sérias com visão futurística buscando defender suas instituições e procurando o crescimento em um todo. No cenário brasileiro vejo ainda uma desigualdade muito grande, prevalecendo muitas vezes à lei do mais forte.

Artilheiro - Você esteve há pouco tempo no futebol paulista. Porque você decidiu retornar ao futebol cearense e quem lhe convidou?
- Jurandi Júnior – Passei 80 dias no Botafogo-SP, dias de muito trabalho, que encontrei por lá. Aquela agremiação enfrenta muitas dificuldades, porém, em pouco tempo conseguimos implantar uma filosofia nova no futebol profissional, buscando valorizar o patrimônio do clube. Conseguimos agregar todos, presidente, diretoria, conselheiros e ai a coisa começou a fluir. Reformamos a recepção do estádio, criamos a academia do clube, sala de imprensa, departamento de futebol e departamento médico. O mais importante foi sem dúvidas a experiência adquirida fora do estado do Ceará e podermos plantar uma semente para colher no futuro. Meu retorno ao Fortaleza nasceu de um convite do então presidente Paulo Artur e do diretor de futebol Rochinha. Decidi voltar e apostar na força da torcida e do clube, além da saudade de meus familiares.

Artilheiro - Será que pode citar quais os clubes que você tem contatos, no cenário brasileiro, e os grandes amigos que fez no futebol?
- Jurandi Júnior – Realmente fiz muitos amigos no mundo do futebol e posso citar alguns que me vem à mente nesse momento: Mário Silvio, gerente de futebol do Vitória-BA; Gil, supervisor do Treze-PB; Felipe Ximenes, gerente de futebol do Coritiba-PR; Damiane, gerente de futebol do Atlético-PR; Anderson Barros, gerente de futebol do Botafogo-SP, dentre outros.

Artilheiro - Seu principal objetivo no momento dentro da sua função?
- Jurandi Júnior – Quero lembrar a princípio da importância de uma instituição e aqueles que abdicam família, negócios, amigos, enfim, em detrimento a uma paixão. Acredito ‘que a bola não entre por acaso’, somente colocando a instituição acima de tudo e todos. Deve-se buscar uma interação entre dirigentes, funcionários, atletas, comissão técnica, imprensa, torcida, etc. assim diminuiremos as dificuldades no futebol. Mais uma vez espero ser agraciado por Deus, com mais um acesso, pelo clube que me projetou no futebol.

Artilheiro – Sua perspectiva para esse ano no futebol e na sua profissão?
- Jurandi Júnior – Sei da responsabilidade que temos como profissional, mais tenho a convicção que o trabalho do presidente Osmar Baquit, com o apoio de todos, no final do ano de 2011, seremos reconhecido e conquistaremos nossos objetivos.

Artilheiro – Uma mensagem para todos os que militam no futebol, para as crianças e jovens que buscam um espaço no mundo futebolístico!
- Jurandi Júnior – Que todos tenham convicção e seus próprios conceitos. Procurem sempre ser justos, buscando a falar e viver a verdade. Que essa juventude acredite no futebol sabendo que tudo é possível. “A bola não entra por acaso”.

Everaldo Baima
19/05/2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

O CHANCELER "EDSON QUEIROZ"!!!

EDSON QUEIROZ edificou no Estado um conglomerado de empresas

Ainda nos anos 70, o empresário consolidou um antigo projeto: a criação de uma entidade que desse uma contribuição educacional ao Estado - estava lançada a semente da Fundação Edson Queiroz. Em 17 de abril de 1971, o Conselho Curador da Fundação anuncia o projeto de construção da Universidade de Fortaleza (Unifor)

Vinte anos se passaram desde o trágico acidente aéreo, que culminou com a morte precoce do chanceler Edson Queiroz. Seu imensurável legado, no entanto, permanece vivo, sólido. Nesta data, o “Diário do Nordeste” relembra a memória do grande empreendedor cearense, um homem à frente de seu tempo. Empresário de sucesso, o grupo, que hoje leva seu nome, administra 15 empresas, além da Fundação Edson Queiroz, empregando cerca de 14 mil funcionários em todo o País - um patrimônio admirável, que contribuiu significativamente para o engrandecimento econômico do Estado.

Ano é 1982. Preci-samente, 8 de junho, uma data triste, lamentável, inesquecível. De madrugada, o boeing 727 da Vasp de prefixo PP-SRK, que sobrevoava o interior do Estado prestes a completar o trajeto São Paulo-Fortaleza, chocou-se na Serra da Aratanha, provocando a morte imediata dos 135 passageiros a bordo, no pior acidente da história da aviação brasileira até então.

Entre as vítimas do acidente, constava o nome do chanceler Edson Queiroz, empreendedor de talento, personalidade de grande carisma e um dos mais ilustres brasileiros do século XX. Com intensa repercussão na mídia nacional, o infortúnio provocou comoção e pesar em todo o Estado.

Um homem à frente do seu tempo. Assim pode ser resumida a trajetória de Edson Queiroz, empresário cujo ímpeto empreendedor incansável foi sempre pontuado por grandes feitos. Fundou um conglomerado de empresas que deram ao Ceará uma nova configuração econômica, através da geração de milhares de empregos. Teve uma vida curta, mas deixou um legado de valor imensurável.

O talento para as finanças tem origem congênita: nascido em Cascavel, em 12 de abril de 1925, o pequeno Edson herdou do pai, Genésio Queiroz, a habilidade e a inteligência para os negócios. Habilidade revelada ainda na infância, aos oitos anos, quando o garoto decide improvisar o seu próprio comércio: monta uma banca, onde comercializa alfinetes, agulhas, fivelas e broches.

Poucas pessoas sabem, mas o empresário quase enveredou pela carreira religiosa na juventude. Ao concluir o primário, a mãe, dona Cordélia, solicitou a sua transferência para o Seminário Arquidiocesano da Prainha. Percebendo que o jovem não era vocacionado ao sacerdócio, o reitor da instituição intervém de forma contrária. Aos 15 anos, o adolescente segue para o Liceu do Ceará, colégio de referência na época, onde conclui o Ginásio.

O pai, então proprietário de um armazém de estivas na Rua Conde d'Eu, percebendo o interesse do filho pelos negócios, o nomeia gerente de sua empresa. Esbanjando competência e eficiência, em dois anos o jovem se torna sócio da Genésio Queiroz & Cia. Aos 20 anos e numa condição financeira excepcional para a sua idade, o promissor empresário conhece, em fevereiro de 1945, dona Yolanda Pontes Vidal. Em setembro do mesmo ano, os dois se casariam na Igreja do Carmo - o casal teve seis filhos.

Seu primeiro negócio independente e estável data de 1949. Erguido ao lado da Praça do Ferreira, o “Abrigo Central” se tornou um marco na história de Fortaleza: durante anos, o lugar foi um importante centro comercial, precursor dos modernos shopping centers, e um badalado ponto de encontro dos moradores e artistas da Capital. Na década seguinte, o visionário empreendedor decide trilhar novos caminhos. Funda em 1951, a Norte Gás Butano (hoje, com a denominação de Nacional Gás Butano) e, oito anos depois, inaugura em Fortaleza o Terminal Ernesto Igel, o primeiro terminal oceânico do Nordeste.

Ainda nesta década, direciona seus investimentos para um setor em ampla expansão, as comunicações, ao adquirir o controle acionário da Rádio Verdes Mares. Sob a conduta precisa do empresário, a pequena estação atinge grande popularidade. Os anos 60 presenciaram ainda a concretização de novos projetos idealizados por Edson Queiroz. Em 1963, funda a Tecnorte e a Esmaltec, gigantes cearenses da metalurgia. Dois anos depois, o empresário refaz o percurso à sua cidade natal ao inaugurar a Cascavel Castanha de Caju (Cascaju), indústria de grande porte que contribuiu sensivelmente para revigorar a economia do município.

Em 1970, Edson abraça novos sonhos e projetos com a instalação da TV Verdes Mares. A agilidade do empreendimento surpreendeu os cearenses, admirados com a rápida construção e elevação da torre transmissora. Após funcionar em caráter experimental, a emissora é oficialmente inaugurada. “Levamos ao ar, com esta emissora de televisão, o desejo ardente de projetar ainda mais o Ceará e o Nordeste”, disse no discurso inaugural.

Ainda nos anos 70, o empresário consolidou um antigo projeto: a criação de uma entidade que desse uma contribuição educacional ao Estado - estava lançada a semente da Fundação Edson Queiroz. Em 17 de abril de 1971, o Conselho Curador da Fundação anuncia o projeto de construção da Universidade de Fortaleza (Unifor). Seis meses depois, é assentada a pedra monumental do Campus, e, em março de 1973, as primeiras turmas assistem à aula inaugural, proferida pelo então ministro da Economia, Jarbas Passarinho. Edson, por sua vez, foi alçado à condição de chanceler da Unifor.

A década seguinte presenciou o último grande investimento do empresário: a implantação do jornal “Diário do Nordeste”, cuja primeira edição circula em 19 de dezembro de 1981. Implantado com tecnologia moderna, o jornal rapidamente se tornou o periódico de maior circulação no Estado e referência na região.

“Durante os 37 anos que compartilhamos, Edson jamais se deixou abater. Foi uma vida de dedicação e entusiasmo. Amou o Nordeste, o Ceará e o Brasil, assim como seus filhos e amigos. Infelizmente sua vida foi curta para a medida de seus projetos, mas foi sempre generosa em ações”, ressaltou dona Yolanda Queiroz, no prefácio do livro “Edson Queiroz - Um Homem e seu Tempo”.

Passados 20 anos da tragédia que findou de forma precoce a trajetória de Edson Queiroz, o Ceará continua a colher os frutos de seu memorável legado e a lhe render homenagens. O exemplo de dignidade concedido pelo notável empreendedor é melhor assimilado em sua célebre frase que ilustra todos os dias a página de opinião do Diário do Nordeste: “Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho”.

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